Por um desenvolvimento local mais colaborativo
Abrir portas para a colaboração ou participação das pessoas é expandir e renovar interações ou relações sociais além do quadro do Estado; é recriar a articulação entre elementos da democracia representativa e os múltiplos espaços de participação cidadã a nível local.
Hoje, as cidades enfrentam desafios de (de)crescimento, de coesão e de inclusão que requerem abordagens mais colaborativas ou participativas de desenvolvimento local, em particular de base comunitária, enquanto formas de compreensão e de resolução de problemas sociais.
Reunir os atores sociais – públicos, privados e da sociedade civil – e apostar na promoção das suas capacidades e competências para participarem colaborativamente no desenvolvimento local é descobrir que as pessoas são capazes e podem agir coletivamente para influenciar um conjunto diverso de informações, interesses, opções e decisões nas suas comunidades.
Abrir portas para a colaboração ou participação das pessoas é expandir e renovar interações ou relações sociais além do quadro do Estado; é recriar a articulação entre elementos da democracia representativa e os múltiplos espaços de participação cidadã a nível local. Amplificando a participação e a colaboração de atores sociais nos processos de diagnóstico e de decisão comunitária estamos a alargar o campo do desenvolvimento local a procedimentos inovadores mais democráticos e mais inclusivos, reforçando a complementaridade entre democracia representativa e democracia participativa.
Com efeito, a burocratização do sistema democrático atual diminui, muitas vezes, a margem para integrar as múltiplas diferenças e desigualdades presentes nas comunidades locais, reservando poucos espaços e tempos para a negociação da “presença”, das aspirações e das necessidades do Outro. Esta margem, contudo, traz para as democracias modernas uma luta pelo reconhecimento da ‘diferença’ e é neste quadro complexo que os atores dos vários setores sociais (residentes, técnicos, profissionais) podem interagir, colaborar e deliberar uns com os outros para melhorar a qualidade democrática das decisões no desenvolvimento local. Ao facilitar ou aprofundar o trabalho em rede e em parceria torna-se possível agregar e mobilizar diferentes saberes e capacidades presentes nas comunidades em favor dos processos de inovação e de mudança social. A colaboração democrática de base comunitária entre ‘diferentes’ torna-se a melhor forma de injetar conhecimento local, de abrir novas perspetivas, de explicitar e negociar interesses, de tecer compromissos e, desse modo, de aprimorar a responsabilidade pública no desenvolvimento local.
Aprender, praticar e exercer ‘novas’ formas de participação e de colaboração na identificação de problemas ou desafios comunitários – tais como gestão de um ecossistema, a funcionalidade de uma escola pública ou a alocação de recursos a projetos e bairros – contribui, assim, para introduzir soluções colaborativas como resposta a problemas e desafios concretos. E contribui, sobretudo, para criar “comunidades” mais inclusivas onde as identidades dos diferentes indivíduos e grupos sejam tomadas não como ‘parte do problema’, mas sim como ‘parte da solução’ no contexto das intervenções de desenvolvimento local.