Marcelo avisa que é preciso “ir mais longe” em matérias como a saúde e a reforma da administração pública
Presidente da República apontou também que Portugal tem “uma das dívidas mais elevadas da Europa” e que deve mostrar que a quer pagar.
O Presidente da República alertou neste domingo que os portugueses esperam que o Orçamento do Estado do próximo ano, aprovado no sábado em Conselho de Ministros, vá “mais longe” em matérias como saúde, justiça ou reforma da administração pública.
“O que eu posso dizer é o seguinte, que em Portugal se sente que é preciso ir mais longe na saúde, é preciso ir mais longe também em aspectos fundamentais como são os que dizem respeito à reforma da administração pública, que é preciso ir mais longe em domínios que dizem respeito à justiça e à ultrapassagem das desigualdades entre os portugueses”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa.
Em declarações aos jornalistas à margem de um almoço com pessoas em situação de sem-abrigo, em Lisboa, o chefe de Estado salientou também que, “por outro lado, é preciso criar condições para que haja mais investimento, mais criação de riqueza, portanto, mais crescimento”. “E o conciliar isto tudo e ainda outras preocupações no domínio da segurança, no domínio da defesa, do domínio do funcionamento da administração pública. É isso que vamos ver se o orçamento consegue fazer”, vincou.
Ainda assim, Marcelo Rebelo de Sousa apontou que não é seu costume comentar “os orçamentos antes de os conhecer”, porque “ter uma opinião na base nas notícias da televisão, da rádio e dos jornais é muito vago”.
O Presidente da República apontou também que Portugal tem “uma das dívidas mais elevadas da Europa, e das mais elevadas das democracias do mundo” e que, se não der sinais de que a poderá pagar, “os mercados voltam outra vez a subir os juros, e aí lá vai a folga, porque a factura com juros passa a ser uma loucura como já foi”. Por isso, defendeu um equilíbrio na utilização do excedente orçamental.
“O que eu espero é que possa haver mais investimento, mais resolução de problemas sociais, e ainda haver uma folga para se poder dizer aos credores “vejam lá, estamos a pagar a dívida, nós não nos esquecemos de pagar a dívida, não venham dizer que nós fazemos de conta que não há dívida"”, defendeu.
“Não é muito popular eu dizer isto, era muito mais popular dizer “mas se sobra dinheiro, vamos gastá-lo e a dívida que espere, há-de ser paga um dia, se não for, há-de ser os nossos netos ou os nossos bisnetos”. Isso não existe, porque, que eu sabia, os credores não têm essa generosidade, não são propriamente filantropos, não são beneméritos, são tudo menos isso”, vincou.