Gás lacrimogéneo e ruas bloqueadas. Milhares protestam em França no terceiro dia de greve geral

Os protestos duram há três dias e já levaram ao condicionamento de transportes e encerramento de escolas e hospitais. Em causa, está o projecto de reforma do regime de pensões.

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Manifestante de colete amarelo leva um cartaz onde se lê "O capitalismo está a matar-nos" Reuters/BENOIT TESSIER
França
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Uma manifestante leva uma coroa de flores pela reforma. Reuters/BENOIT TESSIER
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Os protestos obrigaram ao condicionamento total ou parcial de vários transportes Reuters/BENOIT TESSIER
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Um manifestante leva um cartaz onde se lê "Vamos obrigá-lo a recuar" Reuters/BENOIT TESSIER
Demonstração
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Milhares de pessoas continuam a manifestar-se nas ruas de várias cidades francesas contra o projecto de reforma do regime de pensões proposto pelo Presidente, Emmanuel Macron. Desde quinta-feira, 5 de Dezembro, que os protestos obrigaram ao condicionamento total ou parcial de transportes e encerramento de serviços públicos, como escolas e hospitais, refinarias, entre outros. Este sábado, juntaram-se ainda camionistas insatisfeitos com o aumento do imposto sobre o combustível previsto pelo Governo francês.

Várias das principais estradas e auto-estradas francesas foram barradas por camionistas em protesto e os serviços de metro e autocarro continuaram interrompidos. Nos últimos dias, altercações em várias cidades levaram as forças policiais a responder com gás lacrimogéneo.

Em Nantes, verificaram-se distúrbios por parte de grupos de encapuzados de rosto tapado, que lançaram projécteis e destruíram vitrinas. Segundo as autoridades locais, os conflitos foram provocados por cerca de 500 manifestantes, que se infiltraram na concentração que tinha sido convocada pela Confederação Geral do Trabalho (CGT).

Já em Paris, houve novo desfile de “coletes amarelos”, ao mesmo tempo que decorreu uma manifestação convocada pela CGT, que contou com a presença do secretário-geral, Philippe Martínez, principal rosto da oposição à reforma das pensões. O dirigente considerou que a greve geral é uma demonstração do desacordo dos trabalhadores em relação à proposta de reforma e exigiu ao Governo francês que recue na decisão. Já na sexta-feira, os sindicatos que integram a intersindical francesa e quatro organizações de juventude apelaram a novas greves e manifestações contra o projecto de reformas do regime de pensões.

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Coletes amarelos voltaram a desfilar Benoit Tessier/Reuters

No primeiro dia de greve geral, as manifestações em França mobilizaram cerca de 800 mil pessoas, obrigando ao condicionamento total ou parcial de transportes, de serviços públicos como escolas e hospitais, e refinarias, entre outros. Emmanuel Macron está determinado em fazer aprovar as medidas relacionadas com pensões de reforma, considerando que as novas políticas são essenciais para transformar a economia francesa.

A oposição receia a perda de direitos e alerta para a degradação das condições de vida em virtude das novas medidas a aplicar sobre os pensionistas. As negociações entre o governo de Macron, os sindicatos e outros agentes sociais prolongam-se há vários meses, mas, em concreto, os detalhes sobre o plano só devem ser conhecidos durante a próxima semana.

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Uma protestante leva uma coroa de flores pela reforma Benoit Tessier/Reuters

O Governo francês diz que não vai alterar a idade de reforma (62 anos), mas os sindicatos receiam que o prazo seja dilatado, assim como que afecte os 42 sistemas actualmente existentes, dando a todos os trabalhadores os mesmos direitos. As mudanças podem significar a perda de direitos adquiridos sobretudo para os trabalhadores do sector dos transportes, nomeadamente dos ferroviários.

De acordo com dados estatísticos, sete em cada dez franceses trabalham no sector privado, mas a maior parte dos grevistas integram os serviços públicos do Estado francês.