Nos últimos anos, trocamos o sabonete líquido na embalagem plástica, comprado no supermercado, pelo embalado em papel, igual ao que havia em casa das avós. Com o passar dos anos, marcas portuguesas como a Benamôr, a Castelbel e a Claus começaram a trabalhar para reconquistar o público português, mas também o estrangeiro, aquele que visita Lisboa e o Porto. Como? Deixando de estar apenas em lojas multimarcas, e abrindo espaços em nome próprio, onde a arquitectura e a decoração contribuem para a venda do produto. Além dos sabonetes, há fragrâncias, cremes de barbear, cremes para as mãos, velas aromáticas, sem esquecer os workshops ou serviços de beleza como fazer a barba, por exemplo.
Foi em 1925 que nasceu a Benamôr e os seus cremes para mãos e rosto, feitos com ingredientes locais, como o limão ou a amêndoa. De há dois anos para cá, a marca que nasceu em Lisboa, abriu três lojas, todas na capital. A primeira no Campo das Cebolas; as duas últimas já este ano, em Agosto, a do Príncipe Real, e em Outubro, a da LX Factory. “Procuramos abrir lojas em locais icónicos da cidade e que tudo têm a ver com a Benamôr. Historicamente, a perfumaria Benamôr era situada na Baixa Lisboeta pelo que fazia todo o sentido abrir a primeira loja perto da mesma localização”, explica Margarida Aires, gestora de marketing, por e-mail.
As três lojas procuram abranger públicos diferentes. A primeira, mais voltada para o turismo; a segunda para um público mais “trendy e premium” — a zona “simboliza uma Lisboa clássica que se modernizou”, justifica a responsável —; e a terceira para pessoas mais irreverentes. “Queremos chegar ao público português, que desde sempre acarinhou a marca e que a tem recebido com grande entusiasmo desde o relançamento.” Mas os estrangeiros não foram esquecidos, por isso, as lojas estão em zonas turísticas.
Actualmente, a marca está presente em 15 países, em mais de 500 lojas. Por cá, é vendida não só em perfumarias e outras lojas, mas também em farmácia. “Benamôr é a marca de beleza global que escreveu a história da cosmética em Portugal. Diferenciamo-nos pela rica história, a tradição dos nossos cremes icónicos, e pela modernidade e alta qualidade da nossa oferta”, declara Margarida Aires. O próximo passo será a abertura de novas lojas noutras cidades portuguesas.
A filosofia da Castelbel, nascida em 1999, não é ter lojas próprias, mas estar presente em espaços multimarca. Contudo, desde 2012 que tem uma loja pequenina no Shopping Cidade do Porto, seis anos depois abriu uma grande loja no Palácio das Artes, no Porto e, desde o final do Verão, que está no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, num espaço com 55 metros quadrados, pensado para os turistas — com os sabonetes em forma de sardinha ou aqueles que são embrulhados em papel com imagens da cidade —, mas também para os portugueses que além dos sabonetes, adquirem difusores e fragrâncias para a casa, velas aromáticas, saquetas para colocar nas gavetas da roupa, cremes e champôs sólidos ou amaciador para o cabelo.
Na loja, na qual a marca fez um investimento de 50 mil euros, existe uma máquina que grava palavras ou imagens nos sabonetes, à vontade do freguês. Recentemente, houve quem tenha imprimido um pedido de casamento, conta a responsável pelo espaço.
Com 20 anos de vida, a Castelbel foi criada por Aquiles Barros e quando começou tinha meia dúzia de funcionários. Actualmente tem mais de 200, exporta para quase 60 países.
Também a Claus Porto, uma marca centenária, que celebrou este ano o seu 132.º aniversário, depois das lojas de Lisboa (2016), do Porto (2017) e em Nova Iorque (2018) — espaço já premiado —, decidiu abrir, recentemente, uma segunda loja na capital, numa zona mais ribeirinha, próxima do terminal dos cruzeiros, na esquina da Rua da Madalena (a santa dos perfumistas) com a Rua dos Bacalhoeiros.
O lioz que emoldura as paredes exteriores do edifício recuperado é o mesmo que faz o chão da loja com pouco mais de 40 metros quadrados e que faz lembrar o lobby de um hotel. A parecença não é inocente já que a inspiração dos arquitectos foram as viagens. É também a pensar nos viajantes que a loja oferece um soap bar no qual cada um pode escolher a variedade de sabonetes que quer levar, a escolha pode ser feita pelo aroma — cada fragância tem por base ingredientes portugueses —, pela cor e pelas imagens dos rótulos que lembram outros tempos.
As memórias da marca também se reflectem nas paredes da loja, nas molduras que lembram a história da empresa, um pouco como acontece nas outras lojas da marca que, em 1994, foi comprada pelo bisneto do fundador, Aquiles de Brito. Ao contrário da loja do Chiado, em Lisboa, e na da Rua das Flores, no Porto, a mais recente não tem espaço para workshops, nem para alguns serviços de beleza como fazer a barba.