Um spa para bebés? Desde 2006 que a psicóloga Clementina Almeida criou uma clínica de psicologia no Porto centrada no desenvolvimento dos bebés, mas só em 2015 acrescentou um espaço onde as crianças, desde o nascimento, são ajudadas com os pais a descontrair em meio aquático e depois através de uma massagem, de modo a serem estimuladas sensorialmente. No próximo dia 14, a especialista inaugura um espaço em Algés, Lisboa, com mais algumas valências como o ioga e a dança.
Chama-se For Babies Brain e é um serviço que contribui para a saúde pública, acredita Clementina Almeida — que fez o seu doutoramento sob tutoria de Eduardo de Sá —, dando como exemplos muitos estudos que dizem quão importantes são os primeiros anos na vida de uma criança; e como os estímulos sensoriais podem contribuir não só para o sucesso académico, mas também e sobretudo para ter uma boa saúde mental e física, refere.
E, por reconhecer que este é um serviço que é só para os “bebés sortudos” porque é caro para muitos pais — uma consulta custa 85 euros e uma sessão de spa 70 euros —, a psicóloga criou um blogue e um canal de YouTube, neste caso, porque nem todos os pais lêem os textos publicados, admite a especialista, que estudou saúde mental do bebé nos EUA e no Reino Unido, ao PÚBLICO. E, a partir da próxima semana, haverá uma aplicação para telemóvel que poderá ser descarregada gratuitamente. Nesta, e depois de ser feita a inscrição em que se indica a idade da criança, são sugeridas actividades diárias para estimular o bebé desde o seu nascimento até por volta dos cinco anos.
Tratam-se de actividades para os pais fazerem com os seus bebés e que, no final de cada uma, é explicado em que é que aquela iniciativa ajuda ao desenvolvimento da criança. “Sabemos que os bebés nascem com os órgãos quase totalmente desenvolvidos, excepto o cérebro cujo desenvolvimento é 25% , ficando totalmente dependentes da estimulação”, explica Clementina Almeida, durante a apresentação deste novo espaço à imprensa, em Lisboa. Por isso, “o crescimento depende da estimulação sensorial”, reforça. Esta pode ser feita com gestos tão simples como com o bebé ao colo acender e apagar a luz no interruptor ou habituá-lo a um momento de leitura.
Água e actividades
O contacto dos pais com o bebé é muito importante e é promovido nas sessões do spa. Antes de cada sessão começar é explicado aos pais o que fazer, de acordo com o nível de desenvolvimento do bebé. Este vai ter um tempo dentro de água, num jacuzzi, e depois de sair recebe uma massagem terapêutica, dada pelos pais mas orientada pela terapeuta que os acompanha. Cada sessão dura cerca de 45 minutos. Em resumo, a criança fica relaxada. Da parte da clínica é feito um registo da evolução do processo, de maneira a acompanhar o desenvolvimento da criança.
Tal como num spa para adultos, são fornecidas toalhas e roupões e outros acessórios como fraldas para nadar, flutuadores e os produtos necessários para fazer a massagem. Existem piscinas individuais para os bebés mais pequenos e maiores para quando crescem, nessa altura, a ideia é que possam interagir com outras crianças. “O crescimento depende da estimulação sensorial que é feita”, explica Clementina Almeida ao PÚBLICO, que, entretanto, criou um novo protocolo a pensar nos bebés que têm dificuldade de dormir, o Spa Sleep, para “acompanhar cada etapa de desenvolvimento do padrão neuronal do sono de cada bebé”.
Neste caso, nas sessões são desenvolvidas técnicas de “integração sensorial e relaxamento muscular progressivo, indutoras de estados emocionais destinados a organizar o sistema nervoso central e, assim, a acalmar o bebé e naturalmente induzir o sono”, diz o site da clínica.
Clementina Almeida é responsável pela formação de todos os técnicos que vão trabalhar em Lisboa e virá com alguma frequência à capital para, por exemplo, fazer workshops, mas não para dar consultas, essa prática continuará no Porto onde, às vezes, ainda recebe os primeiros bebés com quem trabalhou, hoje adolescentes, que a continuam a procurar, orgulha-se. “Podemos ter o melhor começo de vida se tivermos as ferramentas certas”, conclui.