“Fast Fashion sustentável é um paradoxo”

A sustentabilidade “tem uma complexidade gigante”. E é impossível atingir os 100%, porque “a transformação de uma matéria-prima no que quer que seja tem sempre um impacto”. Por isso, Salomé Areias, coordenadora da Fashion Revolution Portugal, é taxativa: “Falar em fast fashion sustentável é um absoluto paradoxo.” O modelo de negócio destas marcas, descreve, baseia-se em três grandes pilares: “Produzir a maior quantidade possível, o mais depressa possível, ao mais baixo custo possível.” “Nunca vamos conseguir um modelo de negócio destes onde quer que seja que não esgote absolutamente os recursos, sejam laborais, sejam matérias-primas.”

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Catástrofes como a derrocada do Rana Plaza em 2013, que matou mais de mil trabalhadores e feriu outros 2500, trouxeram “um mediatismo gigante” às más condições laborais vividas nas fábricas onde se produz “milhões de peças para as grandes marcas de fast fashion do Ocidente”, recorda Salomé Areias. A Fashion Revolution nasceu após a tragédia para alertar para os problemas laborais da indústria (da falta de segurança aos baixos salários, do trabalho infantil à desigualdade de género). Apesar das melhorias nas condições de trabalho e nos salários que ocorreram nos últimos anos, o problema persiste. No final de Outubro, um trabalho de investigação do Wall Street Journal descobriu à venda na Amazon roupa produzida em fábricas banidas por outros retalhistas norte-americanos por não cumprirem condições mínimas de segurança. E lançou o alerta: a pressão da concorrência dos sites generalistas de vendas online, como a Amazon, pode estar a pôr em causa os esforços feitos para mitigar o problema e traz obstáculos acrescidos à responsabilização e transparência ao longo da cadeia de fornecimento.