Polícia iraquiana matou 35 manifestantes após fogo-posto em consulado do Irão

Este foi um dos dias mais sangrentos desde o início da revolta, em Outubro. Primeiro-ministro criou célula de crise nas Forças Armadas e põs a polícia sob comando militar.

Nasiriyah
Fotogaleria
ALAA AL-MARJANI/Reuters
Fotogaleria
THAIER AL-SUDANI/Reuters
Bagdá
Fotogaleria
THAIER AL-SUDANI/Reuters

Pelo menos 35pessoas foram mortas pela polícia iraquiana, após os manifestantes atearem fogo no consulado do Irão na cidade de Nassiriya. Outras 70 pessoas ficaram com ferimentos de balas e devido ao gás lacrimogéneo disparado contra os que bloqueavam duas pontes.

Pelo menos 29 pessoas foram mortas a tiro, quando a polícia começou a disparar contra a multidão que bloqueava uma ponte na cidade do sul do Iraque, pouco antes do nascer do sol. Em Nassiriya, depois dos disparos, a multidão avançou contra a polícia e, segundo relatos recolhidos pela BBC, manifestantes “perseguiam polícias pelas ruas e becos”. Milhares de pessoas encheram as ruas, em luto pelos mortos, violando a ordem de recolher, para fazer o funeral das vítimas da polícia. 

Outros quatro manifestantes foram mortos em Bagdad, também a tiro: a polícia usou balas reais e de borracha contra os populares que bloqueavam outra ponte, desde vez sobre o rio Tigre. 

Este é um dos dias mais sangrentos desde o início dos protestos contra o Governo e contra a corrupção dos políticos, que começaram no princípio de Outubro e que se tornaram numa revolta contra as autoridades iraquianasOs cidadãos estão também a insurgir-se contra a influência do Irão nos assuntos internos do país. Os manifestantes acusam o Irão de cumplicidade na corrupção que grassa entre a elite que governa o país e no fracasso da governação.

Já quarta-feira foi atacado o consulado iraniano em Najaf, uma cidade de santuários xiitas, o berço das poderosas autoridades religiosas xiitas iraquianas e local de peregrinagem para os muçulmanos que seguem este rito - como os ritos. Os manifestantes acusam a Governo de se ter virado contra o seu próprio povo para defender o Irão.

“Toda a polícia anti-motim de Najaf começou a disparar contra nós, como se estivéssemos a queimar o Iraque inteiro”, relatou um manifestante à agência Reuters, que esteve presente nesse momento, e pediu para não ser identificado. Outra testemunha, Ali, descreveu o ataque ao consulado como “um acto corajoso e uma reacção do povo iraquiano”. “Não queremos os iranianos aqui.”

A reacção do Governo foi criar uma “célula de crise” nas Forças Armadas para lidar com os protestos, por ordem do primeiro-ministro Adel Abdel Mahdi. Alguns comandantes militares foram nomeados para esta unidade com o objectivo de dirigirem e controlarem todas as forças se segurança e militares e assistirem o Governo na sua missão”, diz uma nota das Forças Armadas citada pela BBC.

Sugerir correcção
Comentar