Documentário português é finalista em prémio internacional

Fortuna Escorregadia relata a transformação da indústria baleeira na actividade de observação de baleias nos Açores.

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Documentário aborda a actividade de observação de baleias nos Açores Comunicar Atitude

No final de 2018, o documentário português Fortuna Escorregadia estreava-se na RTP com uma missão: explicar o fim da epopeia da caça à baleia nos Açores. Agora, tornou-se num dos dez finalistas da 38.ª edição do Grande Prémio Internacional para o Documentário de Autor atribuído pela União Internacional de Rádio e Televisão (URTI, na sigla em inglês) com o apoio da UNESCO. Os vencedores serão conhecidos em Janeiro de 2020, numa data a anunciar. 

Feito pela produtora audiovisual Comunicar Atitude com o apoio da RTP – que candidatou o documentário a este prémio –, Fortuna Escorregadia está numa lista com outros documentários da Argentina, Croácia, Alemanha, Brasil, França, Senegal e da Coreia do Sul. Ao todo, tinham concorrido 108 documentários de 30 países. 

Na cerimónia final, há quatro prémios: o grande prémio – no valor de 500 dólares (cerca de 452 euros) para o realizador do documentário –, a medalha de prata, a medalha de bronze e o prémio Martine Filippi. 

“[Fazer parte desta lista] tem uma grande importância porque a União Internacional de Rádio e Televisão é a mais antiga organização de audiovisual e é a única com uma perspectiva totalmente global, que integra membros de todo o mundo – América, África, Ásia e Médio Oriente”, reage Sandra Sousa, realizadora do Fortuna Escorregadia.

“A verdade é que estar entre os dez finalistas dá direito à distribuição internacional por meio de brochura, com o objectivo de garantir a promoção e apoio na venda. Ficamos no cartaz deles [da URTI] para distribuição internacional.” A realizadora faz questão de destacar que a equipa da Comunicar Atitude (com sede na ilha do Pico) que participou no documentário é totalmente açoriana: “É algo que ainda me dá mais orgulho.”

Durante 52 minutos, Fortuna Escorregadia aborda a transformação da indústria baleeira na actividade de observação de baleias no arquipélago açoriano. Os antigos baleeiros eram alguns dos protagonistas desta produção. “Houve uma fase em que se descrevia os baleeiros como assassinos, como os maus da fita”, dizia ao PÚBLICO Sandra Sousa na altura da estreia do documentário. “Queremos mostrar que tudo se fez por uma questão de sobrevivência e por estabilidade financeira.”

Aliás, para Sandra Sousa, o sucesso deste documentário – que teve mais de meio milhão de telespectadores na estreia, segundo a realizadora – passa pela “reposição da verdade” relativamente à história dos baleeiros numa abordagem “com interesse para todas as gerações”.

Também o nome do documentário – Fortuna Escorregadia – se refere aos baleeiros: a expressão (greasy luck, em inglês) pertence a um poema que costumavam escrever nos dentes de baleia durante viagens de baleação. Actualmente, está disponível no serviço online RTP Play.

A realizadora explica ainda que o facto de o documentário estar nesta lista “é um trampolim fabuloso” para dar visibilidade à próxima série documental da Comunicar Atitude, Terras dum Caim. Neste momento, este projecto está na fase de escrita e desenvolvimento e vai abordar a sustentabilidade económica das terras classificadas pela UNESCO em Portugal, Itália, Espanha ou na Hungria. “A correr bem, daqui a um ano estaremos a estabelecer a co-produção internacional”, assinala Sandra Sousa.

Na edição passada do Grande Prémio Internacional para o Documentário de Autor, a série documental 2077 – 10 Segundos para o Futuro foi distinguida com o grande prémio. Realizada por António José de Almeida, esta série foi encomendada à produtora Panavideo para assinalar os 60 anos da RTP. Ao longo de quatro episódios, futuristas e cientistas internacionais falam das inovações e desafios que a humanidade tem pela frente e imaginam com será o futuro daqui a 60 anos.

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