Nástio Mosquito interroga “trabalho de preto” em nova exposição

As conotações negativas da expressão “trabalho de preto” estão no centro da nova exposição do artista e músico Nástio Mosquito, em Lisboa, que inaugura esta quarta-feira no espaço Hangar.

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Vic Pereiró

Inaugura esta quarta-feira, no Centro de Investigação Artística Hangar, no bairro da Graça, em Lisboa, a exposição No.One.Gives.A.Mosquito’s.Ass.About.Trabalho.De.Preto, novo projecto do artista luso-angolano Nástio Mosquito, com uma prática transdisciplinar entre a performance, a instalação, o vídeo ou a música, e uma intensa circulação internacional que o tem levado mundo fora.

A exposição integra uma instalação audiovisual composta por nove soundscapes, um programa semanal de sessões áudio, distribuição de autocolantes e folhetos, performances e colaborações que, segundo o artista, “podem acontecer de forma mais ou menos espontânea, num projecto aberto à participação de outros artistas, performers e músicos.”

O título da exposição surge como uma provocação e confronta-nos com as conotações negativas da expressão “trabalho de preto” — racista, esclavagista, estereótipo étnico depreciativo, entre outras — e em paralelo agencia-a como possível factor de unificação. Porque, como expõe o próprio Nástio Mosquito, o desafio é “falar com todos os pretos loiros, pretos morenos, pretos acromáticos, pretos das redes sociais, pretos com suposta representatividade ou pretos que todos os dias acordam com a vontade interior de serem resoluções de problemas.”

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O projecto actual prossegue No.One.Gives.A.Mosquito’s.Ass.About.Us, o universo de trabalho que o artista estreou em Maio de 2019, com uma série de performances ao vivo que foi apresentada no âmbito do programa de abertura oficial da 58.ª Bienal de Arte de Veneza, então com a derivação No.One.Gives.A.Mosquito’s.Ass.About.Our.Performance.

Já depois de Veneza, o artista criou performances e peças sonoras para festivais e eventos artísticos nas cidades de Vooruit na Bélgica, Poznan na Polónia e, mais recentemente, em Munique e Frankfurt, na Alemanha. Na base destes seus últimos projectos está a palavra “mosquito”, tendo o artista encetado uma pesquisa de base autobiográfica que explora percepções sobre o insecto com quem partilha o sobrenome, identificando valorações e impactos nefastos que esta possa adquirir.

A exposição estará patente até 15 de Fevereiro de 2020, podendo ser visitada no Centro de Investigação Artística Hangar, de quarta-feira a sábado, entre as 15h e as 19h. As sessões áudio seguem um programa semanal e iniciam-se sempre às 19h. Para além do universo da arte contemporânea, Nástio Mosquito tem sido notícia nos últimos anos também no campo da música, tendo lançado álbuns como Se Eu Fosse Angolano (2013) ou Gatuno e Eimigrante & Pai de Família, encontrando-se a ultimar novo registo, que completa uma trilogia. Em paralelo a estas actividades, é um dos responsáveis pelo podcast Catinga do PÚBLICO.

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