A “ideia doida” de Michel Platini

Roma recebe jogo inaugural e Londres as meias-finais e final. Entre as 12 cidades anfitriãs, a espanhola Bilbau será a mais próxima para os adeptos portugueses.

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Michel Platini quis inovar com o Euro 2020 Reuters/ERIC GAILLARD

Foi há sete anos que o proscrito Michel Platini anunciou “uma ideia doida” para criar um formato inédito na organização da fase final do Campeonato da Europa de 2020. Em vez de optar pela via clássica e escolher uma candidatura isolada ou múltipla (com países associados para receberem o evento), o ex-presidente da UEFA inovou.

A fase final da competição iria espalhar-se por “12 ou 13 cidades” do continente. Lisboa e Porto ainda estiveram na corrida, mas acabaram por desistir a meio do processo. Mais determinadas foram Roma e Londres, que serão os palcos do jogo inaugural e da final a quatro.

“Ouçam com muita atenção, isto pode surpreender-vos: o Euro 2020 pode ser organizado não apenas em um ou dois países, mas em várias cidades espalhadas pela Europa”, desvendou Platini, em Kiev, na Ucrânia, na véspera da final do Euro 2012. Se uma das ideias do dirigente francês – “varrido” do cargo, em Maio de 2016, na sequência de um escândalo de corrupção – seria assinalar desta forma especial o 60.º aniversário da competição, acabaria também por escudar a sua ideia nas vantagens financeiras, numa altura em que a Europa enfrentava uma grave crise económica. “Porquê obrigar um ou dois países a construir novos estádios e aeroportos?”

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Concluído o longo processo de escolha, foram anunciadas as 13 cidades-sede, a 19 de Setembro de 2014, mas uma delas, Bruxelas, seria excluída já em Dezembro de 2017, devido a atrasos nas obras do Eurostadium. As quatro partidas previstas para a capital da Bélgica, três da fase de grupos e outra dos oitavos-de-final, foram transferidas para Londres.

Para além da capital inglesa, a fase final do Europeu irá estender-se a Amesterdão (Holanda), Baku (Azerbeijão), Bilbau (Espanha), Bucareste (Roménia), Budapeste (Hungria), Copenhaga (Dinamarca), Dublin (Irlanda), Glasgow (Escócia), Munique (Alemanha), Roma (Itália) e São Petersburgo (Rússia). Um formato a impossibilitar que alguma selecção ficasse automaticamente apurada pela condição de anfitrião.

A qualificação que envolveu 55 países irá ainda prosseguir até Março do próximo ano, quando ficarem definidos os últimos quatro dos 24 finalistas, que se juntarão aos dois primeiros classificados de cada um dos 10 grupos de apuramento. Estas contas ficam encerradas no próximo dia 19. Mais tarde será disputado um play-off que, ao contrário de edições anteriores, terá apenas um jogo. Mas muito antes deste desfecho, já a 30 de Novembro, irá realizar-se o sorteio da fase final, com a composição dos seis grupos do Euro 2020.

Encerrada a qualificação, como irá depois funcionar o torneio face à dispersão geográfica de jogos? Comecemos pelas pontas da competição: o encontro inaugural desta 16.ª edição do Euro, onde Portugal irá defender o título conquistado há quatro anos em França, será disputado no Estádio Olímpico de Roma a 12 de Junho do próximo ano; a final, assim como os dois jogos das meias-finais, terão lugar no renovado Estádio de Wembley, em Londres, a 12 de Julho, numa final a quatro.

Pelo meio, a nata do futebol europeu de nações e seus adeptos circularão, em maior ou menor escala, pelo continente. Cada estádio irá acolher três jogos da fase de grupos, que decorrerá entre 12 e 24 de Junho. E cada selecção das nações anfitriãs jogará, no mínimo, duas partidas em casa nesta fase inicial. No caso de dois países que recebem a competição ficarem emparelhados no mesmo agrupamento, será realizado um sorteio para determinar qual jogará perante o seu público.

Para a passagem aos oitavos-de-final será utilizado o mesmo modelo do Euro 2016. Para além do apuramento dos dois primeiros classificados, seguem em frente os quatro melhores terceiros lugares. Uma repescagem que, por exemplo, permitiu a Portugal seguir em frente, em França, há quatro anos, numa caminhada acidentada para o título.

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