Uma história do Porto pelos seus ofícios (quase) em extinção
Foram peça importante na “construção do tecido” do burgo e deram-lhe o epíteto de “cidade do trabalho”. Tanoeiros, moleiros, carquejeiras, ardinas, picas, azeiteiros. O livro Porto, Profissões (quase) desaparecidas é uma viagem a tempos idos. Pela pena de Germano Silva
No fundo do corredor da ilha do Cruzinho, na “quietude” de uma “cidade intimista” onde as ruas eram sala de estar, os pregões dos vendedores “rebolavam” como música na cabeça de Germano Silva. Ainda hoje, guarda nítida a imagem da galinheira a subir a rampa inclinada do seu bairro operário. Ao longe, mesmo antes de avistar o cesto equilibrado na cabeça, as galinhas com o pescoço de fora e, por último, a mulher de lenço garrido, xaile cruzado e saia de roda colorida, já o anúncio se fazia ouvir. “Merca frangos ou fran…gas…!” Germano sorri ao cantarolar o pregão – é deles a memória mais saudosa que retém de um Porto repleto de ofícios, a conquistar para a urbe o epíteto de “cidade do trabalho”. Para homenagear essas mulheres e homens, importantes peças na “construção do tecido” do burgo, o jornalista e exímio contador de histórias escreveu um livro onde reúne 33 desses ofícios. Com crença na memória como cimento do futuro, Porto, Profissões (quase) desaparecidas (Porto Editora), apresentado este sábado no Porto (17h30), é uma viagem por um tempo do qual pouco sobra. E um embargo ao esquecimento.
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