Finalmente o Benfica ganhou. Mas precisa de ganhar mais
“Encarnados” triunfam em casa sobre o Lyon por 2-1, mas continuam em último no seu grupo da Liga dos Campeões.
À terceira tentativa, o Benfica finalmente conseguiu ganhar um jogo nesta temporada de Liga dos Campeões, mas foi uma vitória que lhe foi, literalmente, entregue em mãos. Mais precisamente das mãos de Anthony Lopes. Foi a partir de um erro do guarda-redes luso-francês que os “encarnados” chegaram ao golo do triunfo por 2-1 sobre o Olympique Lyon, na terceira jornada do Grupo G. Foram as mãos de Lopes e o pé direito de Pizzi a darem os três pontos ao Benfica, que continua em último lugar do agrupamento, mas agora sem a nuvem negra dos zero pontos a pairar-lhe em cima. Já tem uma vitória, mas precisa de mais.
Desta vez, talvez sentindo o peso da necessidade absoluta de pontos, Bruno Lage mexeu menos do que é costume. Deixou, por exemplo, intacta a dupla de centrais (Rúben Dias e Ferro), mas mudou no meio-campo, com os jovens Gedson e Florentino, mais Gabriel, e também fez um composto de titulares (Seferovic e Rafa) e suplentes (Cervi) no ataque. A grande novidade era mesmo o regresso do internacional português, depois de quase um mês parado, que dá sempre um extra de velocidade com bola controlada. Claro que lançar alguém depois de uma paragem longa é sempre um risco, mas Rafa é daqueles jogadores que faz a diferença. E esta era uma daquelas noites em que o Benfica precisava mesmo de alguém para fazer a diferença.
O risco de Lage em Rafa compensou logo nos primeiros minutos. Aos 4’, o Lyon não conseguiu desfazer uma jogada na sua grande área, Cervi ficou com a bola e deixou para Rafa que, sem marcação, fez o 1-0. Era o melhor início que os “encarnados” poderiam ter, mas era uma vantagem que tinham de consolidar. Rafa foi sempre deixando a defesa francesa em alerta, mas não foi por muito mais tempo. Aos 15’, o extremo caiu no relvado, com queixas e, cinco minutos depois, saiu. Entrou Pizzi e o ataque do Benfica nunca mais foi o mesmo. Ficou mais exposta a falta de rodagem de Cervi (apenas o seu terceiro jogo da época) e a falta de pontaria de Seferovic.
Um exemplo. Aos 19’, Seferovic é lançado em profundidade e chega perto da baliza do Lyon, mas o melhor que conseguiu fazer foi um remate apontado à bandeirola de canto que, pouco, não saía pela linha lateral. E como este, houve outros dois. Aos 27’, o central belga Denayer falhou um corte que Seferovic não aproveitou e, aos 37’, o suíço desperdiçou um bom passe de Tomás Tavares quando tinha a baliza pela frente. Mas, nesta altura, já o Lyon, mesmo sem jogar bem, rondava com perigo a zona protegida dos “encarnados”. Não fosse um corte providencial de Grimaldo e Cornet teria feito o empate à passagem da meia-hora.
O Benfica conseguiu levar a vantagem para o intervalo, mas as sensações não eram boas. E isso ficou bem evidente na segunda parte. O Lyon começou a atacar com mais propósito, muito por influência de Memphis Depay, que estivera pouco em jogo na primeira metade. Um primeiro grande susto aconteceu aos 56’, com Ruben Dias a desviar um remate fortíssimo de Tousart que ia na direcção da baliza.
Lage sentiu o perigo da vantagem mínima e tirou o ineficaz Seferovic para meter Vinicius, mas foi a equipa francesa a ameaçar outra vez, aos 64’, com um remate de Cornet a desviar em Ferro e a bater no ferro da trave da baliza “encarnada”. Adivinhava-se o golo do Lyon, que aconteceu aos 70’. A partir da direita, Aouar mete a bola na área e Depay, sem marcação (Tavares estava longe), rematou cruzado e sem hipóteses para Vlachodimos. O ascendente do jogo pertencia ao Lyon, para quem um ponto já seria um resultado interessante.
Não o era para o Benfica, mas os “encarnados” não pareciam ter grande discernimento para ir à procura de mais. Lage lançou mais um corpo quente para o ataque, Raúl de Tomás, mas o espanhol continua com o pé muito frio e não foi ele que viria a fazer a diferença. Aos 80’, o Lyon podia mesmo ter agravado as penas benfiquistas, com um grande remate que Vlachodimos defendeu.
Num momento de quase desespero, Pizzi, de fora da área, atirou uma bola ao ferro aos 85’. Logo a seguir, na reposição da bola em jogo, Anthony Lopes, o internacional português que defende a baliza dos franceses, fez um disparate tremendo, colocando a bola ao alcance de Pizzi que, com vista para a baliza, atirou a contar. Foi uma espécie de solidariedade involuntária de um descendente de portugueses com a única equipa portuguesa na Champions. O Benfica iria mesmo conquistar os seus primeiros pontos da época na liga milionária, mas precisa de mais. E de jogar mais.