Juventude Leonina questiona razões que motivaram revogação de protocolo

Sporting decidiu cortar apoios à “Juve Leo” e ao Directivo Ultras XXI, na sequência da “escalada de violência” registada no Pavilhão João Rocha no domingo. Bilhetes a preços reduzidos e apoios a deslocações serão alguns dos benefícios retirados a estes dois grupos.

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Depois de, na noite de domingo, o Sporting ter anunciado a rescisão com a Juventude Leonina e o Directivo Ultras XXI de um protocolo assinado no dia 31 de Julho com todos os grupos de adeptos organizados “leoninos”, foi a vez de as claques responderem à decisão da direcção liderada por Frederico Varandas. 

Exactamente às 19h06, a Juventude Leonina publicou um comunicado no Facebook em que questiona os motivos que originaram o corte de benefícios. A claque criada em 1976 garante que sempre apoiou os atletas do clube, mostrando surpresa pela direcção ter usado como justificação para este afastamento o argumento de que as claques têm “faltado sistematicamente no apoio devido aos atletas do Sporting”. Este grupo organizado de adeptos renuncia qualquer forma de violência, recusando responsabilidade pelos incidentes registados após o jogo de futsal de domingo. A claque garante que continuará a apoiar o clube, independentemente de protocolos. Relembra, aliás, que a sua existência antecede quaisquer acordos celebrados com o clube, classificando esta decisão como "falta de rumo de um clube sem liderança, assente em incompetência e que necessita apenas de ‘bodes expiatórios’ para se livrar de atenções indesejadas”. 

Mas as reacções não foram exclusivas das claques afectadas por este crispar de relações. Também a Torcida Verde, que mantém os apoios acordados no protocolo, emitiu um comunicado em que se mostra contra a “balcanização” do Sporting, afirmando que a fragmentação da Curva Sul — onde todos os grupos organizados de adeptos se reúnem — “não serve o clube nem os seus adeptos”. Esta claque adiantou que no próximo jogo (recepção ao Rosenborg, na quinta-feira) utilizará duas tarjas de apelo à união no segmento da bancada que ocupa, eventualmente em substituição da faixa principal. 

Por sua vez, a Brigada Ultras Sporting ainda não decidiu se, na próxima partida em Alvalade, irá ter alguma acção simbólica motivada pela rescisão do protocolo. Em declarações ao PÚBLICO, o presidente desta claque, Pedro Ferreira, diz que a Brigada Ultras está “solidária” com a Juventude Leonina e o Directivo Ultras XXI, garantindo que este grupo organizado de adeptos não tem dívidas para com o clube.

Bilhetes, coreografias e “casinhas”: quais os benefícios retirados?

Com esta rescisão de protocolo, as duas claques leoninas perderão os benefícios acordados no acordo assinado em Julho. O PÚBLICO apurou que o mais recente vínculo assinado com a direcção de Frederico Varandas já tinha significado um corte aos benefícios que as claques possuíam durante a anterior direcção de Bruno de Carvalho. Nessa altura, os grupos organizados recebiam de oferta cerca de 800 bilhetes, vendendo-os a preço de sócios aos membros das respectivas claques. Actualmente, as ofertas de bilhetes eram restritas aos elementos de staff dos grupos de adeptos, sendo que as claques tinham de pagar os ingressos — com um preço especial — ao clube de Alvalade.

Do ponto de vista de bilheteira, estes dois grupos perderão as zonas reservadas na Curva Sul do estádio, sendo que as Gamebox — lugares anuais — deixarão de ter os descontos e facilidades de pagamento para os membros das claques. Estes dois grupos de adeptos perderão também as ajudas de custo nas deslocações em jogos do campeonato e também em partidas das restantes competições. Outra das regalias perdidas pelas claques prende-se com o material coreográfico no Estádio de Alvalade. A partir do próximo encontro, a entrada de tarjas, bandeiras e outros adereços afectos aos grupos punidos poderá ser barrada. Eventuais apoios às coreografias nas partidas frente aos maiores rivais também serão retirados.

Ao abrigo do protocolo estão também as “casinhas” dos grupos organizados. Anexos ao Estádio de Alvalade, estes espaços cedidos pelo clube servem como um local onde as claques podem armazenar em segurança os adereços que exibem nos estádios. As “casinhas”, como são conhecidas, também servem como ponto de encontro dos adeptos em dia de jogo. Em função da tomada de posição da direcção, estas duas claques poderão ser obrigadas a abandonar estes espaços, caso o clube assim o entenda. 

Sporting relembrou invasão a Alcochete

No extenso comunicado em que os “leões” anunciaram o corte de apoios às duas claques, o clube denuncia uma “escalada de violência” que culminou em “tentativas de agressão físicas a dirigentes e outros adeptos”, no Pavilhão João Rocha, no domingo, durante um jogo de futsal. 

O Sporting refere que o presente é consequência do passado, relembrando que a invasão à Academia de Alcochete e posteriores rescisões de vários jogadores se traduziram em “dezenas de milhões de prejuízos, danos reputacionais inestimáveis para a imagem, nome e marca Sporting CP”.

O clube denuncia, ainda, uma alegada dívida das claques relativa à segunda prestação referente à regularização da bilhética da temporada 2018-19, acusando estes dois grupos organizados de adeptos de terem violado “dolosamente e conscientemente” as obrigações do protocolo. 

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