Fotografia
Uma viagem à East London antes da invasão hipster
Once Upon a Time in Brick Lane, do "herói não celebrado da fotografia documental britânica" Paul Trevor, faz um retrato "pleno de humor, grão, amor e surpresa" da East London dos anos 70 e 80.
East London já foi uma zona monocromática, dura, populada por uma classe operária vivaz, com um forte sentido de comunidade. Durante a Segunda Guerra Mundial, parte das modestas e geminadas moradias que pautavam East London foram destruídas pelos bombardeamentos alemães — fenómeno conhecido por Blitz —, o que levou à demolição dos destroços e à reconstrução da região, composta por construção em altura à base de betão armado, em estilo brutalista.
A orgânica East London nunca parou de mudar e é hoje um lugar irreconhecível face ao que foi no passado. A gentrificação chegou à zona Leste da cidade, primeiramente, pela mão de jovens artistas que se estabeleceram em busca da “verdadeira Londres”. O fenómeno sofreu, na última década, uma metamorfose tal que, actualmente, East London foi tomada por grandes empresas e pessoas de classe alta. Estes habitam não a pobre e marginal East London mas uma zona trendy. Os jovens que deram início a esta fase de renovação já não conseguem suportar as rendas que entretanto se começaram a praticar e foram forçados a encontrar novas paragens. Aqueles que habitavam, originalmente, East London, os londrinos de classe operária, os imigrantes, também foram forçados a partir.
O fotógrafo londrino Paul Trevor, descrito pela editora como “o herói não celebrado da fotografia documental britânica”, passou grande parte da vida com uma câmara fotográfica na mão. Nos anos 70 e 80, trazia sempre consigo uma câmara de 35 milímetros e documentou, copiosamente, todo o quotidiano de East London, a zona onde então residia – em particular Brick Lane, a sua artéria carótida. Once Upon a Time in Brick Lane, o fotolivro que a Hoxton Mini Press editou no início de Outubro, faz o retrato da icónica rua nos anos 70 e 80 em “imagens, plenas de humor, grão, amor e surpresa”, que “captam a época vibrante que antecedeu a dramática mudança social daquela área”, refere a editora britânica, em comunicado ao P3.