Sim às papas, não à repetição do prato: 25 recomendações para bebés e crianças
A DGS lançou um manual recheado de recomendações. Diz, por exemplo, que não deve forçar a criança a comer mais, mas também que não deve deixar repetir. E que as refeições não devem ter mais de 30 minutos. Ou que as papas “normais” compradas podem ter benefícios em relação às bio e às caseiras.
Sabia que o primeiro ano é a fase em que mais se cresce durante toda a vida? Daí a importância da alimentação logo nos primeiros meses, mas também porque estas primeiras experiências moldam as preferências e a saúde/doença para a vida.
E depois do primeiro ano? Um novo manual da Direcção-Geral de Saúde (DGS) traz uma série de recomendações para uma alimentação saudável do nascimento aos seis anos, que valem para as famílias e para as creches e infantários. O objectivo é aplicar “a evidência científica mais recente” num documento de fácil leitura (disponível aqui), que até tem propostas práticas.
Sabia, por exemplo, que não deve forçar a criança a comer mais quando não quer, mas também que não deve deixar repetir? Que as refeições não devem ter mais de 30 minutos? Ou que as papas “normais” compradas podem ter benefícios em relação a algumas biológicas e às caseiras? Que não deve dar bolachas aos bebés com menos de um ano?
Bebés até um ano
- O leite materno, em exclusivo, é o ideal para o bebé nos primeiros seis meses. O bebé deve ser alimentado quando pede.
- A mãe que amamenta deve ter uma alimentação variada e equilibrada e não precisa de excluir qualquer alimento da dieta.
- Quando os bebés não são amamentados, os pais devem optar por fórmulas pelo menos até ao final do primeiro ano, idealmente até aos 2-3 anos. E não deve ser excedido o volume de 180-210 ml por cada refeição.
- A partir dos seis meses de vida é essencial a introdução progressiva de outros alimentos, para treinar o paladar para novos sabores e texturas. Mas nunca sumos ou chá.
- O bebé deve alimentar-se sentado, inicialmente à colher (sopas, papas, purés) e depois com colher e quando possível sozinho.
- A “auto-alimentação” (baby lead weaning) só deve adoptada quando exista comprovada segurança (neuromotora e nutricional) e sempre sob controlo do cuidador e vigilância médica.
- Deve ser respeitado o apetite da criança: logo, deixe a criança gerir a quantidade e respeite os sinais de auto-regulação do apetite. Esteja atento aos extremos, quando come sempre de mais ou de menos.
- Sal e açúcar são proibidos no primeiro ano, o que exclui alimentos como sumos, sobremesas, bolos, doces e enchidos.
- No primeiro ano nada de alimentos processados, nem doces nem salgados – isto inclui, por exemplo, bolachas.
- Deve ser feita a suplementação com vitamina D pelo menos durante o primeiro de vida.
- Embora seja importante começar com a sopa, as papas são uma importante fonte de hidratos de carbono e, pela sua suplementação, são um importante veículo de vitaminas e minerais (ferro). E as comerciais “normais” até têm benefícios em relação às biológicas que não são enriquecidas e às caseiras, que “não são nutricionalmente seguras”. O documento não compara, no entanto, com algumas papas biológicas que já existem no mercado e que são enriquecidas.
- A proteína animal (carne ou peixe) não deve exceder as 30 g/dia, devendo oferecer-se carne quatro vezes e peixe três vezes por semana. O ovo pode ser introduzido a partir dos 8-9 meses de idade, até três vezes por semana, em vez da carne ou do peixe.
- Os alimentos devem ser progressivamente menos moídos, de forma a permitir a mastigação de alimentos moles aos oito meses.
- O iogurte natural pode ser introduzido aos 8-9 meses.
- Num bebé filho de mãe vegetariana, a realizar aleitamento materno, deve ser rigorosamente vigiada a suplementação materna em vitaminas e minerais e também ao bebé.
Depois de um ano
- No final do primeiro ano de vida a transição para a alimentação da família deverá estar completa. Os pais são exemplos e esta é uma boa altura para melhorar a alimentação de toda a família.
- Não permita repetições, incentive a comer devagar, respeite o horário das refeições e não mantenha a criança à mesa mais de 30 minutos.
- Não substitua por outros alimentos aqueles que a criança não gosta e incentive à autonomia na mesa.
- É importante a alimentação ser variada — se houver uma recusa inicial de um alimento não desista e encoraje a experimentar coisas novas.
- Ofereça à criança apenas alimentos incluídos na roda dos alimentos.
- O pequeno-almoço é importante, mas dê “cereais de pequeno-almoço” apenas de vez em quando, e não dê bolachas ou “pães doces” e embalados.
- As merendas devem integrar produtos lácteos (leite/iogurte/queijo), hidratos de carbono complexos (pão de cereais variados) e frutos. Bolachas e sumos apenas de vez em quando.
- Mantenha a sopa ao almoço e ao jantar.
- Ofereça água durante o dia e às refeições e deixe os sumos para os dias de festa – o leite não deve ser confundido com uma bebida, já que é um alimento.
- Por fim, a “criança pequena” tem necessidades alimentares “pequenas” e volumes “de adulto” estão totalmente desajustados das necessidades nutricionais desta idade, contribuindo para obesidade. Porções pequenas e variedade da oferta são fundamentais. E tudo completado com actividade física, aproveitando todas as oportunidades para pôr as crianças a mexer.