Governos da União Europeia “limitam” vendas de armas à Turquia
Erdogan diz que não vai parar avanço para Manbij, onde já chegaram as forças de Assad.
Os governos da União Europeia concordaram em suspender vendas de armas à Turquia, na sequência da operação militar lançada por Ancara contra os curdos da Síria.
O New York Times destaca que foi a primeira vez que uma decisão do género foi tomada em relação a um aliado da NATO (apenas seis estados da UE não são membros da NATO), e dizem que os elementos legais e práticos de uma decisão destas são complicados, justificando assim a solução encontrada de suspender a venda de armas por cada um dos Estados-membros individualmente e não um embargo conjunto.
Mas como comentou o antigo representante da União Europeia em Ancara Marc Pierini ao diário Le Monde, esta medida é sobretudo simbólica, pretendendo mostrar à Turquia o seu isolamento – sem ter grande possibilidade de gerar efeitos na ofensiva a que estes países se opõem. “A operação [turca na Síria] está preparada há muito e certamente que tanto as Forças Armadas turcas como o Presidente Recep Tayyip Erdogan tomaram precauções e dispõem de todos os stocks necessários”, comentou.
Apesar de tudo, o comunicado comum dos 28 foi visto como um avanço, dada a relutância em Estados-membros como a Hungria ir contra a Turquia de Erdogan, depois de este ameaçar que “abriria as comportas”, deixando passar os refugiados que estão no seu território e gostariam de chegar a Europa.
Pelo seu lado, Erdogan prometeu continuar a operação, feita com base em mercenários árabes (afastados, em 2015, de cidades árabes da região pelos curdos). Isto apesar de as forças do exército sírio, de Bashar al-Assad, terem chegado a Manbij para apoiar os curdos, após um acordo da véspera.
O político curdo Aldar Xelil disse à Reuters que este não é ainda um acordo político, que vai implicar “negociações longas e directas”. Mas a prioridade agora é “proteger a segurança da fronteira do perigo turco”, comentou.
Enquanto isso, o Presidente russo, Vladimir Putin, visitava a Arábia Saudita, aliado-chave dos EUA – um sinal da crescente importância da Rússia, cuja intervenção foi decisiva para a vitória de Assad, na região. De lá veio um aviso: um conselheiro de Vladimir Putin disse em Riad que a ofensiva turca “não é exactamente” compatível com a integridade territorial síria, e que deve ser “proporcionada”.