Herdade Maria da Guarda começa a exportar azeite para EUA este mês

O azeite será vendido com a marca California Olive Ranch, mas a embalagem vai explicitar a proveniência. Portugal vai beneficiar com o facto de estar de fora do acordo norte-americano de taxas sobre os azeites e vinhos, que penaliza o resto da Europa.

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Adriano Miranda

 A Herdade Maria da Guarda, no Alentejo, deverá começar a exportar azeite para os EUA já este mês, após ter fechado um acordo com a California Olive Ranch, num negócio avaliado em cerca de um milhão de euros.

“Daqui a duas semanas começamos a fazer a colheita. O início [da exportação] deverá começar a 22 de Outubro. Se começarmos dia 21, a 22 estamos com o primeiro camião a seguir para os Estados Unidos”, avançou à Lusa o presidente executivo da Herdade Maria da Guarda (HMG), João Cortez de Lobão.

Este acordo, avaliado em um milhão de euros, vai assim permitir a exportação de até 300 toneladas de azeite virgem extra, ou seja, cerca de 10% a 20% da produção da herdade. Um valor que poderá ainda aumentar, caso a empresa norte-americana assim o deseje.

“Eles [California Olive Ranch] escolheram um país da Europa — Portugal —, um país da América Latina — a Argentina —, além dos Estados Unidos, para fazerem a sua marca premium para distribuir nos EUA”, explicou o responsável.

Assim, a marca será da empresa norte-americana, mas a embalagem terá que explicitar a proveniência do azeite. De acordo com João Cortez de Lobão, Portugal vai beneficiar com o facto de estar de fora do acordo norte-americano de taxas alfandegárias sobre os azeites e vinhos, que penaliza o resto da Europa.

“Pela excelência da qualidade dos azeites e pela excelente relação que existe entre os dois países, Portugal ficou de fora das taxas de importação [...]. Acreditamos que, com isto, Portugal tem uma vantagem quanto ao resto da Europa”, defendeu.

A Herdade Maria da Guarda espera produzir este ano à volta de dois milhões de quilos de azeite, todos para exportação, sendo que, no total, em Portugal, a produção deverá ascender aos 130 ou 140 milhões de quilos.

Itália, Espanha e agora os Estados Unidos são actualmente os destinos do azeite da HMG, que não tem em vista, para já, entrar noutros mercados, mas quer aumentar a sua presença na América do Norte e distribuir a produção acautelando o risco cambial.

“Para já não temos necessidade [de entrar noutro mercado], porque tudo o que produzimos vai embora e os compradores fazem fila à porta do lagar. O que queremos é distribuir geograficamente e em termos de risco cambial. Se chegarmos ao ponto de podermos ter metade das vendas nos Estados Unidos e metade em euros já nos dá satisfação”, apontou.

Esta herdade, que factura anualmente cerca de oito milhões de euros, conta com, sensivelmente, 40 colaboradores e tem 1,3 milhões de oliveiras, afirmando-se como a propriedade, em Portugal, com mais árvores deste tipo, o que permite “uma racionalidade de custos e gestão logística”.

Na plantação e no lagar já foram investidos 17 milhões de euros, que começam agora a “dar frutos” com a diversificação da carteira de clientes.

Conforme afirmou à Lusa João Cortez de Lobão, apesar deste novo acordo, o principal objectivo da HMG mantém-se: produzir azeite ao menor custo, permitindo que mais pessoas consigam comprar o produto. “O consumo de azeite só aumenta se fizermos o trabalho de casa. Queremos produzir ao preço mais baixo possível, para que mais pessoas possam ter um maior poder de compra de um azeite de boa qualidade”, concluiu.