A principal fonte de emissões de metano em Portugal é a agro-pecuária, com valores que ultrapassaram o metano emitido pelos resíduos depositados em aterros e lixeiras. A notícia é avançada pela TSF, que cita dados da Agência Portuguesa do Ambiente sobre as emissões deste gás de efeito de estufa. De acordo com os dados, é o gado bovino criado para consumo de carne que mais emite metano — e o valor tem vindo a aumentar nos últimos anos.
As emissões de metano das vacas criadas para consumo de carne aumentaram 48% entre 1990 e 2017, ilustram os dados. De 60,2 mil toneladas de metano emitido pelo gado bovino para produção de carne em 1990 passaram a ser 89,3 mil toneladas em 2017. Este é um valor que tem aumentado ao longo das últimas três décadas.
Por outro lado, as emissões de metano do gado bovino criado para leite, porcos, ovelhas e cabras têm diminuído ao longo dos últimos anos.
Quanto aos resíduos de lixeiras e aterros, entre 2015 e 2017, deixaram de ser a maior fonte de metano: a agricultura (onde se insere a pecuária) ultrapassou-os. De acordo com os mesmos dados, o volume de metano emitido pelo sector primário passou de 175 para 183 mil toneladas por ano — o que quer dizer que 42,6% do metano emitido por Portugal vem da agricultura.
De acordo com o estudo, publicado em Maio de 2019, o Alentejo é a região de Portugal que mais emite metano, muito devido ao peso do sector da pecuária, seguido do Norte, Centro e Açores.
Questionado pela TSF, Francisco Ferreira da associação ambientalista Zero, afirma que estes dados reflectem um “aumento da produção intensiva”, algo que deverá “ser avaliado e corrigido”. Quanto aos resíduos, o ambientalista considera normal que o volume de metano produzido se tenha reduzido, uma vez que há cada vez menos matéria a ser depositada em aterros, e está cada vez mais a ser melhor aproveitada.
De acordo com as contas da Zero, o metano proveniente da pecuária origina 5,2% das emissões de gases de efeito de estufa (cálculo feito com dados de 2017 que não têm em conta os incêndios) e, desses, 3,2% é produzido pelas vacas para consumo de carne. É muito menos do que os sectores dos transportes e electricidade, mas são números “significativos”.
O consumo da carne de vaca em debate, depois de o reitor da Universidade de Coimbra ter anunciado que iria eliminar o consumo de carne de vaca nas cantinas universitárias a partir de 2020 por razões ambientais. Na sequência dessa notícia, várias associações se insurgiram contra a decisão: a Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) disse que a decisão era “infundada”; já a Associação dos Produtores de Leite de Portugal (APROLEP) afirmou ser “incompreensível”.