Moulin Rouge: uma viagem aos bastidores do cabaret que já tem 130 anos

Philippe Wojazer/Reuters
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O Moulin Rouge, o cabaret francês famoso pelas dançarinas de cancan e pelos figurinos decorados com penas de avestruz, abriu as portas pela primeira vez há 130 anos. Em duas performances todas as noites, 60 bailarinos de 14 países pontapeiam, dançam e rodopiam durante erie, o espectáculo que é agora cabeça de cartaz no teatro.

Mas nos bastidores — invisíveis para as 600 mil pessoas que, todos os anos, assistem aos espectáculos e consomem quase 250 mil garrafas de champanhe — a coreografia é outra: é necessária uma engrenagem sofisticada de mudança de figurinos e cenários. “Toda a equipa, incluindo bailarinos, ajudantes e técnicos precisam de ser muito organizados”, diz Claudine Van Den Bergh, irlandesa de 27 anos que dança no Moulin Rogue há sete, três dos quais como bailarina principal. “Um pequeno erro ou atraso e podes estragar a tua entrada. Precisas mesmo de estar à hora certa no sítio certo.”

Cada espectáculo exige 1000 indumentárias, todas feitas em ateliers que trabalham para o Moulin Rouge há décadas. Cada bailarino muda de roupa entre 10 a 15 vezes por espectáculo — e só tem 90 segundos para o fazer. Aí, nos bastidores, os fatos coloridos descansam organizados por ordem, filas de penas cor-de-rosa penduradas em cabides, a par de botas pretas e brancas acima do joelho. Acessórios elaborados, construídos para serem colocados nos ombros dos bailarinos e criarem a ilusão de que estes têm asas de borboleta brilhantes, são colocados em mesas.

“No momento em que corro para os bastidores, sei exactamente aonde devo ir, o que fazer, onde está o meu próximo fato”, diz Claudine Van Der Bergh. No Moulin Rouge, os bailarinos ainda mantêm algumas das tradições que remontam à fundação do espaço, a 6 de Outubro de 1889. Há 130 anos, mulheres que ganhavam a vida a lavar roupa durante o dia transformavam-se em dançarinas à noite.

Os mais críticos dizem que alguns dos aspectos das performances — especialmente o facto de muitas das bailarinas dançarem em tronco nu ou com roupas transparentes — são uma objectificação sexista que não se adequa aos tempos actuais. Em 2014, para assinalar o 125.º aniversário do Moulin Rouge, duas activistas do grupo feminista Femen subiram até ao telhado do teatro parisiense e gritaram que os corpos das mulheres não devem estar à venda.

Para Olga Khokhlova, uma bailarina do Cazaquistão que está no teatro há 12 anos, o espírito do cabaret é “intemporal”. “Adoro a adrenalina do palco. O Moulin Rouge é um sítio mágico onde posso viver a minha paixão”, confessa. Quando estou no palco, sei que sou a herdeira de bailarinos famosos que fizeram o Moulin Rouge nos últimos 130 anos.”

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