A liberdade do artista e dos seus críticos
Arte que ofende a moral reinante é essencial. Mas quando se começa a dar cobertura a quem ameaça os críticos, há um patamar civilizacional que é ultrapassado.
Há duas semanas, recebi uma mensagem de uma amiga que perguntava de rompante: “o que achas deste vídeo?” Era óbvia a indignação. Segui o link e vi um videoclip musical que retratava uma situação de brutal violência doméstica. Via-se um homem a surpreender a mulher na cama com o melhor amigo, ameaçando-a com uma caçadeira, enfiando-lhe mesmo o cano da dita na boca, insultando-a da forma mais obscena que se possa imaginar. No fim, quando tudo parecia não passar de um pesadelo, descobrimos o amante escondido no guarda-fatos, sugerindo que, afinal, a mulher era mesmo uma falsa e uma traidora e que tinha o que merecia.
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