Câmara do Porto garante salvaguarda de casa que conta história dos judeus no Porto
Obra no 233 da Rua da Vitória, noticiada pelo PÚBLICO, foi levada à reunião de câmara desta segunda-feira por Manuel Pizarro. Autarquia garantiu que fachada não será demolida
A Câmara do Porto disse esta segunda-feira estar a acompanhar e a monitorizar as obras de reabilitação de um edifício na Rua da Vitória que faz parte da história dos judeus no Porto, e onde vai nascer uma unidade hoteleira. A garantia foi deixada pelo vereador do Pelouro do Urbanismo, Pedro Baganha, em resposta ao pedido de esclarecimento do vereador do PS Manuel Pizarro, que questionava sobre as medidas tomadas para assegurar a manutenção daquele património.
“Sendo certo que quando estamos a falar de obras no centro histórico há sempre cuidados acrescidos que temos que ter, nesta em particular estamos a fazer uma monitorização daquilo que lá se passa, de forma a garantir o total respeito pelo projecto, que contempla a manutenção da fachada onde se encontram os inscritos [cruz símbolo dos cristãos novos]”, disse, sublinhando que o imóvel “não tinha outros valores significativos em termos de património”.
Em causa, está o número 233 da Rua da Vitória, que segundo denunciou, no sábado, o PÚBLICO, está a ser alvo de uma intervenção que levou a Câmara do Porto e a Direcção Regional de Cultura do Norte (DRCN) “a debater como preservar aquele património, ou pelo menos minimizar danos”.
Vendida em 2018, a casa que não tem classificação, mas está integrada na zona especial de protecção do Centro Histórico do Porto, património mundial da UNESCO e "está neste momento a ser demolida”, tendo o seu interior, bem como, partes do seu exterior desaparecido.
Na sua intervenção, Pedro Baganha esclareceu que a obra em questão teve o crivo da Direcção Regional de Cultura do Norte (DRCN), da Direcção-Geral do Património Cultural (DGPC), bem como, dos serviços do urbanismo da autarquia, tal como o PÚBLICO havia noticiado, estando “salvaguardados” os valores patrimoniais do edifício que se faz parte da história judaica da cidade do Porto, uma vez que, “a fachada vai ser mantida”.
O presidente da autarquia, o independente Rui Moreira, acrescentou ainda que no que respeita ao interior do edifício, já não havia nada a preservar, face às alterações realizadas pelo anterior proprietário do edifício. Moreira diz mesmo que neste caso, o arquitecto que, segundo Manuel Pizarro, se diz “pouco tranquilo com o que está a acontecer na casa”, “não foi gentrificado”, “gentrificou-se a ele próprio”.
Esta casa, concluiu Pedro Baganha, “insere-se numa operação urbanística, que se desenvolve desde a Rua da Vitória até ao Largo de São Domingos, para a construção de uma unidade hoteleira.