França recusa pedido de asilo a Edward Snowden

O ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Jean-Yves Le Drian, disse não ver qualquer razão para o Palácio do Eliseu mudar a opinião que teve em 2013, quando o antigo analista lhe pediu asilo político.

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O antigo analista das secretas norte-americanas está exilado em Moscovo desde 2014 Reuters/Fabrizio Bensch

O Governo francês não está disponível para conceder asilo político a Edward Snowden, antigo analista informático que denunciou o esquema de vigilância mundial da Agência Central de Informações (CIA) e da Agência de Segurança Nacional (NSA).

“Por agora, ele não fez qualquer pedido [formal], apenas pelos media, mas não vejo razão para mudarmos de ponto de vista”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Jean-Yves Le Drian à televisão francesa CNEWS.

Snowden, que é americano mas que se entrar nos Estados Unidos é preso e julgado por traição, vive exilado na Rússia. Em 2013, fez um pedido de asilo ao Palácio do Eliseu, então ocupado pelo socialista François Hollande, que recusou. “Nessa altura, a França acreditava que não era apropriado e não vejo nada que tenha mudado, seja do ponto de vista político ou legal, disse agora Le Drian.

Foi numa entrevista à rádio France Inter que Snowden disse que gostava de viver em França e que esperava que o Presidente francês, Emmanuel Macron, lhe concedesse o estatuto de exilado político. 

O antigo analista voltou às manchetes da imprensa internacional ao lançar, na terça-feira, o livro de memórias Vigilância Massiva, Registo Permanente, em que explica as razões que o levaram a ser o denunciante mais conhecido das últimas décadas, como o fez e os contornos do esquema de vigilância mundial montado pelos Estados Unidos. Em 2013, forneceu milhões de documentos retirados das instalações dos serviços secretos a jornalistas do Guardian e do Washington Post, a que contou o que viu.

Snowden é visto como um herói por uns e como um traidor por outros. O sistema jurídico norte-americano prevê, para quem comete o crime de traição, um alonga pena de prisão ou a pena de morte.

Argumentando que com o livro o antigo analista violou o contrato de confidencialidade que assinou, o Governo americano avançou com um processo judicial para ficar com os lucros da venda da obra. Poucas horas depois do seu lançamento, o livro chegou ao primeiro lugar da lista dos dez mais vendidos na Amazon.

Snowden, de 36 anos, vive em Moscovo desde 2014. Passou 40 dias no aeroporto de Moscovo até o Presidente russo, Vladimir Putin, lhe conceder asilo político, resistindo às pressões norte-americanas para que não o fizesse.

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