Conquistou o Brasil, e o mundo, no papel de Gabriela, na telenovela de horário nobre, a partir do romance homónimo de Jorge Amado – que ganhou uma nova versão, em 2012, com Juliana Paes e Humberto Martins. O sucesso que se seguiu não foi menor: Dona Flor e Seus Dois Maridos (1977), também a partir de uma história de Amado, está entre os filmes brasileiros mais vistos de sempre, e Dancin’ Days (1978), que afirmou o poder da Globo no que dizia respeito a telenovelas. O reconhecimento veio de todo o lado, inclusive das revistas de moda, que viram em Sônia Braga um modelo para a vida. E não estavam erradas.
A actriz, que depressa voou alto, rompendo com as fronteiras entre o Brasil e Hollywood — foi, até, a primeira brasileira a ser indicada para um Globo de Ouro (de melhor actriz secundária), em 1985, pelo seu papel em O Beijo da Mulher Aranha (que deu o Óscar de melhor actor a William Hurt) — está de volta à ribalta, com Bacurau, o filme de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, ambos distinguidos em Cannes com o Prémio do Júri. Isto três anos depois de uma aclamação quase global pela sua representação no filme Aquarius.
Na capa do número brasileiro da Vogue, Sônia Braga surge tão sensual como sempre, mas agora com o cabelo completamente branco: “Meu cabelo é uma metáfora muito importante para mim. Mas, cabeleireiros, vocês não vão ter que sujar mais a mão e usar aquela luvinha – não quero pintá-los nunca mais”, disse em entrevista à Vogue, numa produção com fotografia de Henrique Gendre. “É uma sensação de liberdade muito grande, de normalidade, de natureza mesmo.”
Na revista, que apelida a actriz de “diva máxima”, considerando-a o “nome mais famoso do cinema nacional no Brasil e lá fora”, adianta-se ainda que corre o rumor de que Sônia poderá voltar às novelas em breve, curiosamente com um guião de Gilberto Braga, que deverá ser uma adaptação de Vanity Fair, obra novecentista do inglês William Makepeace Thackeray (mais recentemente adaptada ao cinema como A Feira das Vaidades, dirigido por Mira Nair, com Reese Whiterspoon e Gabriel Byrne). “Também ouvi falar isso”, diz a actriz, sem acrescentar nem mais uma palavra sobre o assunto. É esperar as cenas dos próximos capítulos.
A beleza da idade
Nos últimos tempos, várias figuras seniores têm conquistado um lugar de destaque nas revistas de beleza e em campanhas publicitárias. Jane Fonda, aos 81 anos, foi capa da Vogue Britânica, em Maio deste ano, tornando-se a mulher mais velha a conquistar este posto, enquanto a irreverente empresária norte-americana Iris Apfel continua a ser, aos 98 anos, um símbolo de glamour. Na publicidade, uma das marcas que mais tem apostado em desmistificar a idade vs. beleza é a Dove, com sucessivas campanhas dedicadas a esta temática.