Mais de um terço de jovens de 30 países disse ter sido vítima de bullying online, revela uma sondagem divulgada esta terça-feira, 3 de Setembro, pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF). Um em cada cinco dos mais de 170 mil jovens inquiridos, entre os 13 e os 24 anos, declarou ainda ter faltado à escola devido ao ciberbullying e à violência.
A UNICEF, que recolheu a informação através da plataforma gratuita de mensagens U-Report, onde os jovens prestam testemunho de forma anónima, considera o fenómeno “preocupante” e apela à “acção urgente” na aplicação de “políticas para a protecção de crianças e jovens contra o cyberbullying e o bullying”.
A sondagem revelou que, para quase três quartos dos jovens, as redes sociais, incluindo o Facebook, Instagram, Snapchat e Twitter, são “onde mais acontece o bullying online”. “Melhorar a experiência educativa dos jovens significa ser responsável pelo ambiente que eles encontram online e offline”, disse a directora executiva da UNICEF, Henrietta Forre, citada num comunicado da organização.
Foram questionados jovens da Albânia, Bangladesh, Belize, Bolívia, Brasil, Burkina Faso, Costa do Marfim, Equador, França, Gâmbia, Gana, Índia, Indonésia, Iraque, Jamaica, Kosovo, Libéria, Malaui, Malásia, Mali, Moldávia, Montenegro, Myanmar (antiga Birmânia), Nigéria, Roménia, Serra Leoa, Trindade e Tobago, Ucrânia, Vietname e Zimbabué.
Cerca de 32% consideram que “os governos devem ser responsáveis por acabar com o cyberbullying”, enquanto 31% disseram que a responsabilidade cabia aos jovens e 29% que competia às empresas de Internet. “Independentemente da sua origem geográfica e do seu nível de rendimento, os jovens de todo o mundo denunciaram que estão a ser vítimas de bullying online, o que está a afectar a sua educação, e que querem que isso pare”, disse Fore.
“Ao assinalarmos o 30.º aniversário da Convenção sobre os Direitos da Criança (que se assinala em Novembro) temos que garantir que os direitos das crianças estão na vanguarda das políticas de segurança e protecção digital”, salientou a directora executiva da UNICEF.
A organização aconselha a “criação de linhas de apoio de âmbito nacional para apoiar crianças e jovens” e a “melhoria dos padrões éticos e das práticas, por parte das entidades que disponibilizam serviços de redes sociais, especificamente no que diz respeito à recolha, informação e gestão de dados”. Defende também a formação de professores e pais para prevenir e dar resposta ao fenómeno.