Nova Rota da Seda chinesa pode minar Acordo de Paris
A iniciativa, lançada pelo Presidente chinês, Xi Jinping, visa dinamizar regiões pouco integradas na economia global, através da construção de aeroportos, centrais eléctricas ou zonas de comércio livre.
O gigantesco projecto internacional de infra-estruturas lançado pela China, a Nova Rota da Seda, pode minar os objectivos do Acordo de Paris sobre o clima, alertou nesta segunda-feira uma unidade de investigação chinesa.
Bancos e outras instituições chinesas estão a conceder enormes empréstimos para projectos criados no quadro da iniciativa, lançada pelo Presidente chinês Xi Jinping, visando dinamizar regiões pouco integradas na economia global, através da construção de aeroportos, centrais eléctricas ou zonas de comércio livre.
Uma análise do impacto ambiental das infra-estruturas conclui que a iniciativa desafia o objectivo definido no Acordo de Paris de 2015, de manter o aquecimento global abaixo dos 2ºC, em comparação com os níveis pré-industriais.
Segundo o Centro de Finanças e Desenvolvimento da Universidade Tsinghua, os 126 países que integram a iniciativa correspondem a 28% das emissões globais de gases com efeito de estufa.
O estudo, que foi realizado em conjunto com a consultora Vivid Economics e a fundação ClimateWorks Foundation, sublinha os efeitos do desenvolvimento de portos, oleodutos, ferrovias e rodovias em 17 dos países e conclui que Rússia, Irão, Arábia Saudita ou Indonésia devem reduzir as suas emissões de CO2 em 68%, até 2050, para cumprir com o Acordo de Paris.
“Se continuarmos por este caminho, mesmo que todos os outros países do mundo, incluindo os Estados Unidos, países europeus, China ou Índia cumpram as metas, as emissões de carbono mundiais continuarão a explodir”, aponta Simon Zadek, do centro da Tsinghua.
A China é hoje a maior emissora de gases causadores do efeito estufa, correspondendo a 30% das emissões globais. Para Simon Zadek, Pequim deve ter uma “política coerente” para a redução das emissões de CO2 no país e no exterior.