“Leituras deste Verão? O Verão, este ano, foi uma quarta-feira à tarde”
Saiba quais são os livros que Pedro Mota Soares guardou para ler longe da azáfama do Parlamento, das sessões plenárias e das comissões.
“Leituras deste Verão?”, diverte-se Pedro Mota Soares, 45 anos, ex-ministro da Solidariedade, Emprego e Segurança Social. “Bem, considerando que Verão, este ano, foi uma quarta-feira à tarde, o melhor é chamar-lhe leituras para as férias”, corrige o ainda parlamentar do CDS-PP, que ficou de fora das listas de candidatos a deputados nas próximas legislativas. O tempo livre que as férias lhe trazem a mais servirá para “acabar de ler o que ficou para trás” e para “abrir as páginas de livros que estavam a ser guardados para esta altura”. Ao PÚBLICO, Pedro Mota Soares revela cinco obras que lhe preencheram as últimas semanas.
Future Politics, de Jamie Susskind
Este é o exemplo de um livro que Mota Soares aproveitou para acabar de ler nas férias e que acredita “obrigatório para quem anda nessas vidas” da política. “Numa altura em que as perguntas valem mais do que as respostas Future Politics está focado no impacto que a revolução digital vai ter no sistema democrático”, descreve. “A premissa base é esta: no século XIX, o debate político foi o de saber qual o papel e dimensão do Estado face ao indivíduo; no futuro, vai ser sobre o papel dos sistemas digitais, a começar pela inteligência artificial, na definição da nossa vida colectiva”. O ex-governante do CDS recorda o “imperdível” relato do cientista que tentou explicar a William Gladstone, então ministro das Finanças, a importância da electricidade no futuro. “Perante a incompreensão do ministro, que só perguntava ‘mas para o que é que isso importa?’, o cientista desesperado respondeu: ‘Para o quê? Muito em breve vai poder taxá-la’.” Acrescenta Mota Soares: “Faz lembrar a postura da Europa face à economia digital.”
Filho da Mãe, de Hugo Gonçalves
“O Hugo é, para mim, o mais inquieto e desafiante escritor da actual geração”, elogia o deputado, ao justificar a escolha do livro Filho da Mãe, que estava guardado para as férias. “É a própria história do Hugo que vai à procura das memórias da mãe que perdeu quando tinha nove anos. Uma história na primeira pessoa — única e irrepetível como as próprias pessoas —mas que tem a universalidade dos sentimentos. A perda, a ausência, a memória, a sombra, com uma consequência: quem quer escrever sobre a morte acaba a escrever sobre a vida.”
As Rotas da Seda, de Peter Frankopan
Pedro Mota Soares também tinha guardado para o período de descanso a obra As Rotas da Seda. “Quando se fala tanto sobre a iniciativa One Belt, One Road e numa altura em que a Europa se está a deixar ultrapassar em domínios como a inovação e tecnologia e tem dificuldade em saber viver com o alargamento a leste, este livro de Peter Frankopan faz uma leitura da uma história do mundo que propositadamente não é ‘eurocêntrica'”, regista.
Disraeli or The Two Lives, de Douglas Hurd e Edward Young
O Brexit também tem lugar na biblioteca estival de Pedro Mota Soares. “Disraeli or The Two Lives de Douglas Hurd e Edward Young, conta a história de Benjamin Disraeli, o primeiro-ministro com mais derrotas do que vitórias, que transformou uma rainha numa imperatriz e que é maior no mito do que na sua própria vida”, resume o ex-ministro de Pedro Passo Coelho e Paulo Portas.
Como ser Conservador, de Roger Scruton
Finalmente, Mota Soares escolheu destacar mais um livro, que “ajuda a perceber o que vai na cabeça de muitos brexiteers": Como ser Conservador, de Roger Scruton. Esta não é, para o deputado, a “mais original” das criações de Scruton ("a ultrapassar um cancro com aparente sucesso”, conta), mas “é divertido na análise de que a posição dos conservadores é verdadeira, mas enfadonha e a dos seus opositores excitante, mas falsa” e de que “somos todos conservadores nos temas que conhecemos”.