A Amazónia arde há duas semanas. É a floresta mais extensa do mundo, conhecida como "os pulmões do mundo". É responsável por 20% do oxigénio existente e também onde se regista a maior biodiversidade. Mas teme-se que a destruição da floresta tropical atinja agora máximos históricos.
O número de fogos no Brasil cresceu 82% este ano, em comparação com o mesmo período do ano anterior. A Amazónia é a mais afectada, uma vez que 23 mil dos 75 mil focos de incêndio que já ocorreram este ano foram lá. Até ao final de Julho, já tinham ardido na floresta cerca de 18 mil quilómetros quadrados — ainda não se sabe qual a área ardida em Agosto.
Uma onda de indignação gerou-se por todo o mundo. Só nos primeiros seis meses da presidência de Bolsonaro, a floresta da Amazónia perdeu 1330 quilómetros quadrados — a desflorestação aumenta a um ritmo alucinante, assim como as queimadas, e a posição de Jair Bolsonaro tem provocado críticas. Apesar de as acções individuais não serem suficientes para mudar o cenário, há alguns hábitos que podemos adoptar (ou perder) para defender a Amazónia.
Faz uma doação
Podes fazer uma doação a uma organização que trabalhe para proteger a Amazónia e as comunidades que lá vivem. Ao doares para o programa Protect an Acre, da Rainforest Action Network, estás a ajudar a proteger territórios e comunidades indígenas. Também podes ajudar a comprar áreas da floresta tropical através do Rainforest Trust.
A Amazon Watch também pode ser uma boa opção: as doações recebidas vão “directamente para o trabalho com comunidades indígenas para parar a destruição e defender os seus direitos e casas”, lê-se no site.
Também o Fundo Mundial para a Natureza (WWF - World Wide Fund for Nature) tem um espaço do site dedicado à Amazónia — e aceita doações. A organização quer ajudar a identificar as áreas mais afectadas e a combater o fogo. Também a SOS Amazónia quer ajudar a proteger a floresta.
Mostra a tua indignação
Partilha conteúdo sobre a Amazónia e os incêndios nas redes sociais, fala com amigos e família.
Assina uma petição — ou várias. Na página da WWF, Greenpeace ou Change.org podes encontrar petições que querem alertar o governo brasileiro para a necessidade de salvar e proteger a floresta e as comunidades e de parar com a desflorestação. Em Portugal, o partido Livre lançou uma petição na qual pede a suspensão do acordo UE-Mercosul.
Há também várias manifestações agendadas para os próximos dias. Esta sexta-feira, 23 de Agosto, na Praça dos Restauradores, em Lisboa, há uma Vigília pela Amazónia marcada para as 22h. Sábado, 24 de Agosto, está marcada a concentração #PortoPelaAmazónia na Praça dos Leões, no Porto, às 17h30. Também no sábado, às 19h, na Casa Ninja em Lisboa, há um debate, exibição de filmes e construção de propostas colectivas para a defesa da Amazónia. Na segunda-feira, 26, é a vez de Lisboa receber a concentração #LisboaPelaAmazónia: às 18h, na Praça de Camões.
Esta sexta-feira, activistas do movimento Extinction Rebellion cercaram a embaixada brasileira em Londres e atiraram tinta vermelha para o edifício, como símbolo do sangue indígena. Em Berlim, Paris, Amesterdão, Mumbai, Barcelona, Madrid e Berna, manifestantes saíram à rua em protesto. No Brasil, há protestos marcados para 40 cidades que começam esta sexta-feira e se prolongam durante o fim-de-semana.
Informa-te
Quanto mais sabes sobre uma causa, mais podes ajudar. Podes encontrar informações sobre a Amazónia na InfoAmazonia ou em sites de organizações não-governamentais, como a WWF ou a Greenpeace. Para estares a par dos desenvolvimentos do incêndio, acompanha também as notícias e as redes sociais: no Twitter, as hashtags #prayforamazonia e #saveamazonia são as mais populares. Mas atenção, nem tudo o que é partilhado é verdade: estão a circular imagens que não mostram os fogos actuais ou sequer a Amazónia.
Queres saber quanto tempo demorava a tua área de residência a desaparecer, se tivesse a mesma taxa de desflorestação da Amazónia? Este site mostra-te — e é assustador.
A Amazon Aid Foundation reúne diversos conteúdos relacionados com a Amazónia. Podes fazer uma doação ou visitar o site para te manteres a par do que se passa nesta floresta. Procura saber quais as empresas que exploram a Amazónia e mostra-lhes o teu desagrado: podes contacta-los e manifestar a tua preocupação, ou simplesmente deixar de comprar os seus produtos.
Não deixes o movimento morrer. Apesar de ser importante partilhar informações e acompanhar as tendências de hashtags, mais importante ainda é não deixar que outra “tendência” faça esquecer o tema. Continua a pesquisar sobre o que está a acontecer na floresta — a InfoAmazonia diz-te, entre outras coisas, quais os fogos que ainda estão activos.
Questiona os teus hábitos
Reduz o consumo de papel e madeira — há muitas outras alternativas. Se precisares de ter informações em suporte físico, utiliza ambos os lados de uma folha; leva os teus próprios sacos quando vais às compras; usa guardanapos de pano; evita copos e pratos de papel (ou plástico) descartáveis. Se tiveres mesmo que comprar, a Rainforest Alliance mostra-te alguns produtos certificados.
A principal causa de desflorestação da Amazónia é a agricultura e a criação de gado. Reduzir o consumo de carne significa contribuir menos para o desmatamento. O mesmo acontece com a soja e o óleo de palma. A produção de soja é uma das principais fontes de receitas dos agricultores da Amazónia, por isso, antes de comprares este produto, podes visitar o site da Roundtable for Responsible Soy, que te diz quais os produtores certificados. Já a Greenpalm diz-te onde podes comprar óleo de palma sustentável.
Notícia actualizada às 15h52 de 27 de Agosto de 2019: foi corrigida informação no segundo parágrafo relativamente à área ardida.