Santana Lopes vê o país demasiado dependente dos bons humores do Estado

Líder da Aliança esteve na Romaria d’Agonia, em Viana do Castelo.

Foto
Nuno Ferreira Santos

O líder da Aliança, Pedro Santana Lopes, disse nesta terça-feira em Viana do Castelo que o país está a ficar “demasiadamente estatizado”, apontando o exemplo da recente greve dos motoristas de matérias perigosas em que o Estado foi mediador.

“Às vezes isto está com uns ares um bocadinho, não quero chamar venezuelanos porque é ofensivo, mas demasiadamente estatizado. O país está a ficar cada vez mais dependente dos bons humores, das boas vontades do Estado. Quando o caminho devia ser o contrário. A sociedade devia ser independente”, defendeu o líder da Aliança.

Pedro Santana Lopes, que falava à agência Lusa no final de uma reunião com pescadores de Viana do Castelo, integrada numa série de oito semanas temáticas que está a realizar para recolher contributos para o programa eleitoral do partido, questionou: “Em todas as negociações sindicais, em sectores sensíveis, o Estado vai ser mediador, vai desempenhar o papel que desempenhou com os motoristas, quando for na saúde, nos transportes?”

O Governo recebe esta terça à tarde o Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP) para a retoma de negociações com a Associação Nacional de Transportes Públicos Rodoviários (Antram).

A reunião, marcada para as 16h no Ministério das Infra-Estruturas e Habitação, em Lisboa.

Para o líder da Aliança, “as coisas vão-se passando em Portugal sem que as pessoas avaliem todas as suas consequências e significados”.

“Há coisas que, hoje em dia se passam em Portugal, às vezes perante a indiferença geral, e o país vai andando. O que me preocupa é isso. O que nunca deveria acontecer passa a ser permitido e passa a ser considerado quase rotineiro”, reforçou.

Pedro Santana Lopes apontou como um dos “sinais” da “indiferença generalizada” o facto de o “Estado servir de mediador em negociações sindicais e querer substituir os representantes dos sindicatos”.

“Não conheço o doutor Pardal Henriques [porta-voz do Sindicato de Motoristas de Matérias Perigosas], de lado nenhum. Nunca o tinha visto na vida, nem interessa se é pessoa com quem simpatizo, mas estou farto dos juízos, em Portugal. De dizerem que as pessoas têm cara disto ou daquilo. Depois o Estado vem defender a substituição das pessoas porque só assim é possível chegar a acordo”, especificou.

Sobre a reunião com os pescadores das 28 embarcações de pesca local de Viana do Castelo, directamente afectados pela instalação de um parque eólico ao largo daquele concelho, Santana Lopes disse que os aqueles profissionais estão “satisfeitos” com a compensação acordada pelo impacto do projecto na sua actividade.