O desassossego da vontade
Em política, há sempre alternativa aos determinismos inevitáveis que o governo da direita nos quis impor.
O mês de Julho ainda não terminou e o Partido Socialista já apresentou o seu Programa Eleitoral (um dos mais participados de sempre) e tem as listas de deputados dos 22 círculos eleitorais aprovadas de forma clara, expressiva e inequívoca.
As listas de deputados apresentam uma notável renovação de 56% dos candidatos, espelham uma crescente igualdade de género com 46% de participação política de mulheres, aliás bem espelhada nos cabeças de lista que integram nos lugares cimeiros mulheres como nos Açores, Braga, Castelo Branco, Coimbra, Faro, Guarda, Santarém e Setúbal, que se apresentam como círculos eleitorais charneira nesse domínio.
Esta organização eficaz e tranquila é reveladora de um partido mobilizado, que concilia de forma harmoniosa o aquis da experiência com a frescura de uma crescente participação de candidatos jovens face a 2015.
Esta força tranquila que perpassa de dentro para fora tem muito a ver com o elevado grau de concretização dos compromissos programáticos identificados em 2015. Com efeito, decorridos quatro anos, os principais indicadores económicos e sociais são muito encorajadores e revelam uma sociedade com mais bem-estar coletivo e com esperança renovada.
Em 2015 assumia-se como grande meta a adoção de um novo modelo de desenvolvimento assente em mais crescimento, mais emprego e igualdade. É fácil de aferir que esse novo modelo de desenvolvimento ancorado em políticas públicas competentes produziu efetivamente bons resultados.
A economia cresceu acima da média da União Europeia, há consolidação orçamental rigorosa, com contas certas, o desemprego recuou para níveis que há muito tempo não conhecíamos, tendo descido já a barreira dos 300 mil, e foram criados mais de 340 mil empregos, na sua grande maioria estáveis.
Os salários aumentaram em Portugal e as famílias portuguesas receberam em 2018 mais 8,1 mil milhões de euros do que em 2015. Um aumento de 20% no valor das remunerações pagas. Com o aumento de todas as prestações sociais e a reposição de rendimentos e direitos a pobreza recuou, a justiça social aumentou e, com a retirada de mais de 300 mil pessoas da privação severa, sentimos que valeu a pena fazer novas escolhas e provar que afinal havia outra alternativa... porque afinal, em política, há sempre alternativa aos determinismos inevitáveis que o governo da direita nos quis impor.
Porque a política deve sempre aspirar à realização das pessoas, aspiramos com renovada ambição a ainda melhores níveis de bem-estar e sustentabilidade ambiental, a um persistente combate à pobreza e a todas as desigualdades, violências e discriminações ainda enraizadas na nossa sociedade. Queremos, ainda, garantir melhores serviços públicos onde a inovação e simplificação serão centrais, bem como um reforço das respostas de creche e universalização do pré-escolar.
Porque aspiramos com renovada ambição ao aumento das qualificações dos portugueses como fonte de competitividade, coesão e mobilização social, a valorização da Escola Pública e o alargamento da base de acesso ao Ensino Superior continuarão a ser um imperativo indeclinável.
Acredito que em democracia a confiança se conquista pela força das ideias, pelo grau de concretização das mesmas e robustece-se com a vitória do diálogo, de que nunca prescindimos ao longo de toda a legislatura.
Partimos assim para as legislativas de 2019 com a vontade da fazer ainda mais e melhor e com esse “desassossego da vontade “para que nos interpela António Costa, um desassossego pessoano que nos conduzirá sempre a novos lugares, onde a boa governação e a qualidade da democracia estarão sempre na nossa linha do horizonte. É isso que os Portugueses seguramente esperam de todos nós! Vice-presidente do Grupo Parlamentar do PS e candidata pelo Circulo Eleitoral de Lisboa
A autora escreve segundo o novo Acordo Ortográfico