Padaria de portugueses acumula prémios em Paris

O pai chegou de Fafe e fundou a padaria, agora gerida pelos filhos. Aux Délices du Palais já venceu a competição de melhor baguete de Paris e acaba de conquistar o 3.º lugar no Grande Prémio de Pastelaria da cidade.

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Christian Teixeira apresentou uma receita original chamado Trop Cho DR
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Christian e o irmão (à esq. e dir. da foto) com o pasteleiro francês Pierre Hermé e a autarca de Paris, Anne Hidalgo, no final da competição DR
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O luso-descendente aliou a mousse de chocolate Dulcey ao caramelo e à maçã com canela coroada por uma Torre Eiffel em chocolate DR
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O bolo vencedor esteve à venda na pastelaria em edição limitada DR
Bolo de chocolate
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,azedo
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pão de centeio
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biscoito
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torta de maçã
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No Palácio das Delícias
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O luso-descendente e chefe pasteleiro da padaria Aux Délices du Palais, Christian Teixeira, acaba de conquistar o terceiro lugar no Grande Prémio da Pastelaria de Paris, uma distinção que se vem juntar aos títulos de melhor baguete da cidade ganhos pelo pai e pelo irmão.

A constante de todos os bairros de Paris é a tradicional padaria situada no canto da rua onde se serve desde a tradicional baguete à mais mirabolante criação da pastelaria francesa. Na Aux Délices du Palais, padaria fundada por um português no 14.º bairro da cidade e que é agora gerida pelos filhos, a tradição vem acompanhada por vários prémios.

“Eu gosto mesmo de trabalhar numa padaria, porque é aqui que a pastelaria tem a sua verdadeira representação porque temos os grandes clássicos. Trabalhamos com matérias modestas e não é por ter ganho este prémio que vou aumentar os preços, quero que os meus clientes possam ter qualidade, mas a um preço razoável”, disse Christian Teixeira, em declarações à agência Lusa.

O pai chegou a França nos anos 1960 vindo de Fafe, formou-se em padaria e pastelaria e abriu em 1993 a Aux Délices du Palais, ano do nascimento de Christian Teixeira. A primeira distinção chegou em 1998 com o prémio da Melhor Baguete de Paris, distinção que foi repetida em 2014 pelo irmão de Christian, chefe de padaria. Este é um dos títulos mais importantes para uma padaria parisiense, já que a torna passagem incontornável no roteiro dos amantes deste pão tipicamente gaulês.

Agora, com 26 anos, é a vez de Christian. Chegado há três anos à padaria do pai, tem vindo a renovar a pastelaria mais tradicional. Este mês, ganhou o terceiro lugar do Grande Prémio da Pastelaria de Paris, organizado pela Câmara Municipal da capital francesa. À sua frente ficaram Quentin Lechat, do hotel Novotel Paris Les Halles, e Andrea Basmadjian, da pastelaria de autor Thierry Marx Bakery.

“Disseram-me logo ao telefone: você é a primeira padaria de bairro a ganhar, ficou em terceiro lugar, mas é como se fosse o primeiro entre todas as padarias de Paris. É difícil fazer concorrência à pastelaria de hotel, porque os produtos que eles usam são muito mais caros. Aqui um bolo a 10 euros não conseguimos vender”, explicou Christian Teixeira.

O percurso deste luso-descendente começou na padaria da família, observando o pai e servindo os clientes, e passou depois para a formação em pastelaria na Escola Ferrandi, uma das mais prestigiadas de Paris, tendo depois feito alguns estágios e trabalhado noutras padarias.

“[O que mais gosto é] a criação, a criatividade, estar sempre a inventar. Depois vemos os clientes a comprarem os nossos bolos com um sorriso e é muito bom”, explicou o pasteleiro.

Para este concurso, Christian Teixeira apresentou um bolo original chamado Le Trop Chou (em que chou diz respeito à massa de profiteroles, mas chou pode também ser querido, ou seja, muito querido). O pasteleiro luso-descendente aliou a mousse de chocolate Dulcey ao caramelo e à maçã com canela numa arquitectura arriscada coroada por uma Torre Eiffel em chocolate.

“Inspiro-me nos melhores. Tenho muitos livros e vejo muitos vídeos. À noite sonho com os bolos e, se for preciso, passo o dia a tentar fazê-lo tal como no meu sonho”, indicou Christian Teixeira.

Quanto à pastelaria portuguesa, ainda não seduziu o luso-descendente, apesar de vender pastéis de nata na padaria. “Só vendemos pastéis de nata, conhecemos poucas coisas que sejam interessantes para aqui. Este ano, vou pela primeira vez ao norte e descobrir o que é verdadeiramente Portugal e a pastelaria portuguesa. Em França há uma pastelaria mais refinada, em Portugal é uma pastelaria mais consistente”, afirmou.

Os projectos com Portugal passam talvez pela abertura de uma pastelaria francesa em Lisboa, para trazer a “finesse” francesa aos lisboetas e aos franceses que se têm mudado para a capital portuguesa nos últimos anos.