Turistas fazem fila para subir à rocha mais famosa da Austrália antes que seja proibido

Proibição entra em vigor em Outubro, em resposta a um pedido dos povos aborígenes, que consideram Uluru um lugar sagrado. Antes conhecido como Ayers Rock ou apenas The Rock, é famoso não só pelo seu tamanho mas também pelas mudanças de cor.

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O aproximar da data está a provocar uma verdadeira corrida de turistas: os alojamentos estão cheios e às redes sociais chegam fotografias de filas compactas de gente a trepar pelo dorso vermelho de Uluru, o rochedo mais famoso da Austrália, que se ergue a 348 metros sobre as planícies áridas do centro da ilha.

“Está muito concorrido neste momento e, em grande medida, isso tem a ver com o encerramento da subida”, admite Stephen Schwer, director-executivo do Turismo da Austrália Central, em declarações ao New York Times. “A popularidade está a causar pressão na infra-estrutura existente.”

O rochedo, também conhecido por Ayers Rock, é considerado um local de culto pelo povo aborígene Anangu. De acordo com um porta-voz do Parks Australia, “desde a devolução de Uluru aos seus ‘proprietários tradicionais’ em 1985, que os visitantes são encorajados a compreender e a respeitar o povo Anangu e a sua cultura”.

No sopé do rochedo, entre a zona de estacionamento e o trilho utilizado pelos turistas para subir a empena vertiginosa (existe até uma espécie de corrimão feito de correntes para auxiliar os caminhantes), encontram-se várias placas informativas e mensagens colocadas pelos Anangu a pedir aos visitantes para não subirem, em respeito pelos seus costumes. “Esta é a nossa casa.” Em causa, referem os avisos, está também a segurança dos caminhantes: desde os anos 1950 que há registo de, pelo menos, 37 mortos.

Em 2017, a direcção do Parque Nacional Uluru-Kata Tjuta, classificado como Património Mundial pela UNESCO, decidiu unanimemente transformar o apelo numa regra: a partir de 2019, a subida ao topo do rochedo estaria proibida. A data seria, entretanto, estabelecida: 26 de Outubro. “Uluru não é um parque temático como a Disneylândia”, afirmava, então, Sammy Wilson, representante da comunidade indígena. “Queremos que venham, que nos oiçam e que aprendam.”

De acordo com o Parks Australia, uma entidade estatal, cerca de 87% dos visitantes opta por não subir ao topo de Uluru. No entanto, desde que a interdição foi anunciada, tem aumentado o número de pessoas a visitar o parque nacional – cerca de 370 mil em 2018, mais 20% do que no ano anterior. E várias entidades locais têm alertado para o agravar da situação no último mês.

Com os parques de campismo cheios e as unidades de alojamento lotadas, muitos turistas estarão a acampar ilegalmente em propriedades privadas ou à beira das estradas, deixando lixo pelo caminho e pondo em causa o delicado ecossistema do deserto. Segundo Stephen Schwer, a interdição anunciada não será a única razão para o aumento dos visitantes.

A introdução de voos directos de Darwin e de Adelaide para o aeroporto de Ayers Rock, iniciados em Abril, e o período de férias escolares também estarão a contribuir para a afluência de turistas.

No entanto, o director do parque, Mike Misso, admite ter existido um pico no número de visitantes no último mês e reconhece que este possa diminuir quando a interdição entrar em vigor. “Esperamos uma pequena queda porque estas pessoas vêm para cumprir a sua bucket list”, reconheceu em declarações à ABC, a televisão pública australiana. Mas acredita que o número de visitas permaneça elevado.

Para fazer face à interdição e continuar a atrair turistas, as diferentes entidades e empresas ligadas ao sector estão a estudar novas actividades e pacotes turísticos.

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