Boris Johnson bombardeia britânicos com dinheiro e informação sobre o no deal

Governo do Reino Unido prepara ofensiva de propaganda sobre o “Brexit” e um orçamento extraordinário para Outubro. Entretanto, vai haver mais financiamento para campanha publicitária e outras medidas para antecipar saída da União Europeia sem acordo.

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Boris Johnson em Birmingham Geoff Pugh/REUTERS

O Governo britânico está “a trabalhar partindo do pressuposto” de uma saída do Reino Unido da União Europeia sem acordo a 31 de Outubro, escreveu no Sunday Times Michael Gove, o vice-primeiro-ministro britânico, responsável por planear o “Brexit”. Para preparar essa “perspectiva muito real”, como lhe chamou Gove, o Governo de Boris Johnson vai anunciar esta semana “financiamento extra muito significativo”. Quem o disse foi o próprio ministro das Finanças, Sajid Javid, num artigo no Sunday Telegraph.

Parte desse dinheiro será usado para financiar “uma das maiores campanhas de informação de sempre”, para garantir que tanto indivíduos como empresas estarão prontos para a saída do Reino Unido do bloco europeu sem um acordo comercial - uma vez que Bruxelas não se mostra disponível para mudar o acordo assinado com Theresa May.

Segundo o Times, esta campanha será coordenada por Dominic Cummings, assessor político do primeiro-ministro e que foi o cérebro da campanha a favor da saída da UE no referendo de 2016. O jornal avança que Boris Johnson montou um gabinete de guerra de seis ministros para tomar decisões sobre o “Brexit” e que está a preparar um Orçamento de emergência para um no deal para apresentar na semana de 7 de Outubro.

O Governo de eurocépticos formado por Johnson está em plena ofensiva mediática. A ministra do Interior, Priti Pattel, disse ao jornal Mail on Sunday que com o “Brexit” poria ponto final “ao direito de entrada automática de cidadãos da União Europeia [no Reino Unido], com ou sem trabalho”. Nesta nova fortaleza britânica, seria dada “preferência aos cientistas, académicos e trabalhadores altamente especializados que queremos cá ter mais”, afirmou.

Há relatos, no entanto, de insatisfação no Partido Conservador com esta estratégia de mergulho no abismo apresentada pelo Governo de Boris Johnson. O Observer diz que o ex-ministro das Finanças, Philip Hamond, está em conversações o porta-voz para o “Brexit” dos trabalhistas, Keir Starmer, para tentar evitar um no deal.

No entanto, no fim da primeira semana de Boris Johnson em Downing Street, os conservadores deram um pulo de 10% nas sondagens, e rondam agora os 30%, diz um estudo feito para o Mail on Sunday.

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