Transformar o Monte Pedral num arquipélago em plena cidade venceu concurso de ideias
A ideia é “criar uma rede de espaços urbanos que se adeque à vida contemporânea e aos cidadãos actuais”, disse um dos coordenadores do projecto vencedor do concurso de ideias para o espaço no Porto.
Um arquipélago no meio da cidade foi a ideia vencedora do Concurso de Ideias para o projecto habitacional no Quartel de Monte Pedral. O esboço do gabinete MASSlab, dos arquitectos Duarte Fontes, Diogo Rocha e Lourenço Rodrigues, “parte para a solução a partir do desenho do espaço público”. As palavras são do vereador do Urbanismo, Pedro Baganha, que conduziu, nesta sexta-feira, a cerimónia de abertura dos envelopes com o nome dos vencedores. No total, foram 21 os projectos que se apresentaram a concurso e que agora estão em exposição no átrio da Câmara do Porto até ao final de Agosto. Apenas três foram contemplados com prémios monetários, cujas ideias principais poderão estar na base do projecto de habitação para arrendamento acessível que vai nascer nos terrenos onde está o Quartel de Monte Pedral, situado entre as ruas da Constituição, Serpa Pinto e Egas Moniz.
A autarquia já havia definido para aqueles terrenos um programa base da sua ocupação: ali teriam de surgir cerca de 400 fogos, a maior parte para habitação com rendas acessíveis. Em declarações ao PÚBLICO, o vereador revelou que, até ao final deste ano, “o objectivo é lançar um concurso de concepção, construção e exploração”, seleccionando “um operador que construa e explore este bairro potencial que [se quer] construir”, com base nas ideias apresentadas no concurso. “Isto não esgota a política municipal de habitação para rendas acessíveis porque queremos, num processo paralelo, lançar um concurso de concepção clássico e aí a construção ficará a cargo da câmara”, anunciou, referindo-se ao projecto do Monte da Bela, que vai nascer no terreno do antigo bairro São Vicente de Paulo, em Campanhã.
O projecto vencedor, como contou Diogo Rocha, visa a criação “de um espaço público mais dedicado aos estudantes, com espaços verdes e espaços ligados à produção alimentar. No fundo, criar uma rede de espaços urbanos que se adeqúe à vida contemporânea e aos cidadãos actuais”.
Duarte Fontes, outro dos arquitectos do atelier, sublinhou que “uma grande vantagem deste concurso ser promovido pela câmara é que permite pensar o espaço público antes do espaço privado”. “É uma óptima oportunidade para uma zona que precisa de desenvolvimento, que precisa de investimento e é óptimo poder reconverter, nas antigas instalações militares, um espaço voltado para a cidade, para os seus cidadãos, para a zona de constituição”, acrescentou.
Já o segundo lugar do concurso, atribuído ao Colectivo Oitoo, com a coordenação de Laura Lupini, Diogo Morais e Nuno Rodrigues, coloca a tónica na questão da demolição e reutilização dos edifícios preexistentes, demonstrando aos cidadãos quais são as zonas que já existem na cidade e as que devem perdurar. Cannatá & Fernandes-arquitectos Lda foi o gabinete, coordenado por Michele Cannatà, que alcançou o terceiro lugar. O trabalho centrou-se na permeabilidade do solo e na abertura de um parque urbano numa zona da cidade em que estes não existem.
Em Abril, a Câmara do Porto lançou o desafio à comunidade de arquitectos, engenheiros e projectistas da cidade para que, no antigo Quartel de Monte Pedral, fossem encontradas soluções que revitalizassem e valorizassem o espaço, com uma área superior a 25 mil metros quadrados. Apesar de estar à espera que mais propostas fossem a concurso, Pedro Baganha mostrou-se satisfeito com os projectos concorrentes, que interpelaram a câmara “com questões muito pertinentes”, acabando por ser “muito úteis”.
O valor global do concurso ascendeu, segundo nota enviada à imprensa pela Câmara do Porto, aos 30.500 euros uma vez que o júri decidiu ainda atribuir uma menção honrosa a a um quatro projecto. O grande vencedor do concurso recebeu um prémio de 15 mil euros. Já para o segundo lugar foram reservados dez mil euros e, para o terceiro prémio, cinco mil.
Texto editado por Ana Fernandes