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Primeiro-ministro Conte não cobre Salvini no “Russiagate”

O líder da Liga não dá esclarecimentos, o que contribui para aumentar as “suspeitas”.

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Giuseppe Conte esta quarta-feira no Senado GIUSEPPE LAMI/EPA

O vice-primeiro ministro italiano, Matteo Salvini, também responsável pelo Interior, não terá gostado de ouvir o depoimento do primeiro-ministro Giuseppe Conte, esta quarta-feira, no Senado. Conte, de uma forma seca, confirmou que Gianluca Savoini, o homem da alegada negociação de fundos russos para financiar a campanha da Liga nas eleições europeias, esteve em Moscovo, em Julho de 2018 e, de novo, nos dias 17 e 18 de Outubro, integrado no séquito do ministro Salvini. Quanto ao chamado “Russiagate” italiano, Conte remeteu para o inquérito aberto pela Procuradoria de Milão: “Como é público, Savoini está entre investigados”. E frisou: “Até agora, não encontrei elementos que possam abalar a confiança que tenho nos membros do governo”.

O escândalo rebentou no passado dia 9, quando o site Buzzfeed publicou a gravação áudio de um encontro reservado entre três russos e três italianos no Hotel Metropol, de Moscovo, no dia 18 de Outubro, onde acordaram uma operação de exportação de petróleo de uma sociedade russa para a italiana ENI, prevendo uma comissão de cerca de 60 milhões de dólares que seria destinada à propaganda eleitoral do partido de Salvini.

Tudo indica que a operação não se realizou e que, portanto, a Liga não terá recebido tal financiamento. Também não há provas do envolvimento directo do ministro italiano. Mas Savoini é um colaborador da Liga e foi outrora porta-voz de Salvini. Este começou por negar qualquer proximidade com ele. Foi desmentido pela publicação no Facebook de dezenas de selfies dos dois homens, uma delas na Praça Vermelha em Moscovo durante uma das visitas. Negou-se, depois, a prestar quaisquer esclarecimentos ao Parlamento. Esta quarta-feira, não esteve no Senado, como prometera, por ter agendado, à última hora, uma reunião com uma comissão da Câmara dos Deputados.

Acusado de mentir, pela oposição e pela imprensa, Salvini acabou por se tornar suspeito. Ele fala numa “montagem” e há jornais que admitem que tenha caído numa cilada. O La Repubblica chama atenção para o facto de os magistrados de Milão terem apreendido o computador e o telemóvel de Savoini, o que explicaria que ministro não queira falar antes de saber o que os investigadores possam vir a encontrar.

Na tarde desta quarta-feira, nas edições online da imprensa italianas, as palavras de Conte não eram lidas como um acto de solidariedade com Salvini, antes de prudente reserva. Note-se que aproveitou a ocasião para reafirmar e alinhamento pró-ocidental da Itália, demarcando-se implicitamente da política internacional da Liga.

O “Russiagate” ameaça Salvini mas não é central a agudização da crise política italiana. Há temas mais explosivos. A decisão de Conte de prosseguir as obras da linha férrea de alta velocidade Turim-Lyon, satisfaz a Liga e dilacera o Cinco Estrelas. Há uma manifestação prevista para sábado, no Vale de Susa (a norte de Turim), que se teme que degenere em violência. Por outro lado, o governo começa nesta quinta-feira a debater a nova lei da autonomia regional, que opõe frontalmente a Liga e o Cinco Estrelas - o Norte e o Sul.

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