Acervo de Francisco Melo e Jorge Gigante doado à Casa da Arquitectura
Escritório dos dois arquitectos, com sede no Porto, projectou habitação unifamiliar e colectiva, comércio e serviços, equipamentos, hotelaria e ainda centrais telefónicas.
O acervo dos arquitectos Francisco Melo e Jorge Gigante (1919-1994), constituído por peças desenhadas, escritos e uma colecção de fotografias, num total de 152 projectos, será doado esta quinta-feira à Casa de Arquitectura, em Matosinhos.
Abrangendo a actividade desenvolvida pelos dois desde o final da década de 1950 até ao início dos anos 90 do século passado, o acervo integra trabalhos de diversas tipologias, nas áreas de urbanismo (22), habitação unifamiliar (21), serviços/comércio (19), habitação colectiva (15), equipamento (15), indústria (oito), hotelaria (cinco) e também centrais telefónicas (31), refere a nota de imprensa da Casa da Arquitectura.
Francisco Melo e Jorge Gigante constituíram um gabinete conjunto no Porto, em 1956, tendo desenvolvido a sua actividade em torno do urbanismo e da arquitectura, acrescenta o documento, destacando as centrais telefónicas projectadas e construídas para os antigos Telefones de Lisboa e Porto, que em 1968 tomou o lugar da sua antecessora, a Anglo-Portuguese Telephone Company. “Obras de grande exigência técnica e construtiva, [as centrais telefónicas] são o laboratório de experimentação de muitas soluções que virão a ser aplicadas noutras obras da sua autoria”, destaca a Casa da Arquitectura.
A habitação unifamiliar e colectiva, e em particular a habitação social e cooperativa, é outra das áreas de concentração de maior número de trabalhos do gabinete, sendo de destacar as cooperativas de Mafamude, em Vila Nova de Gaia, e a Cohaemato, em Matosinhos, sublinha ainda o comunicado.
Na década de 1990, “projectaram e construíram a ampliação do Centro Social da Sé do Porto, junto às escadas dos Guindais, (...) uma marca contemporânea na arquitectura da cidade medieval”, salienta a nota informativa. O seu gabinete foi, também, durante anos, local de formação de muitas gerações de arquitectos que lá trabalharam por períodos mais ou menos prolongados: Manuel Correia Fernandes, José Quintão, Domingos Tavares, Manuel Mendes, José Manuel Gigante, Pedro Mendo, Conceição Melo, João Álvaro Rocha usufruíram desta escola prática e dos conhecimentos e da capacidade pedagógica desta dupla, sublinha a Casa da Arquitectura.
O contrato de doação vai ser assinado, às 17h, no arquivo da Casa da Arquitectura por Francisco Melo, pelos herdeiros de Jorge Gigante, e pelo director executivo da instituição, Nuno Sampaio.