Japão retoma pesca de baleias após 30 anos

“Acreditamos que as baleias são recursos marinhos como peixes e que podem ser usadas com base em critérios científicos”, disse o ministério japonês da Agricultura, Florestas e Pescas. A quota de captura até ao final deste ano está fixada em 227 baleias — menos do que as caçadas na Antárctida nos últimos anos.

Shimonoseki
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Destruidor de mísseis guiados
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Baleeiros japoneses deixaram nesta segunda-feira o porto de Kushiro, no Norte do Japão, para recomeçar a pesca comercial de baleias, após mais de três décadas de interrupção. A saída de cinco barcos da ilha de Hokkaido acontece seis meses após o Governo nipónico ter anunciado que ia deixar a Comissão Baleeira Internacional (CBI), depois de ter levantado uma moratória em vigor sobre a pesca moratória da baleia.

“Acreditamos que as baleias são recursos marinhos como peixes e que podem ser usadas com base em critérios científicos”, disse um funcionário do Ministério da Agricultura, Florestas e Pescas.

A quota de captura até ao final deste ano está fixada em 227 baleias, menos do que as 333 que o Japão caçou na Antárctida nos últimos anos, ao abrigo de um programa científico.

Issei Kato/Reuters
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A tradição de caçar e comer baleia é antiga no Japão: Yachiyo Ichihara, proprietária do restaurante P-man, relembra ao JapanToday os dias em que descia o porto com um balde vazio, e voltava a casa com ele cheio de carne fresca de baleia. “É delicioso, cresci a comer isso. A família junta-se para comer baleia”, conta a mulher que vive em Wada, uma das aldeias mais antigas com tradição baleeira. Vendia-se baleia porta a porta — até 1986, quando o acordo foi estabelecido e comer esta carne passou a ser “um luxo”.

Actualmente, de acordo com o jornal Asahi, o consumo deste animal representa apenas 0,1% do consumo de carne dos japoneses. Número que pode mudar, agora que o país fica livre para caçar estas espécies protegidas. Ou não: “Nos últimos 30 anos, todos os tipos de alimento entraram no Japão. Há tanto que comer. Não continua a ser uma situação em que se produzes muita carne de baleia, vais ganhar muito dinheiro”, afirmou Kazuo Yamamura, presidente da Associação Baleeira do Japão. E Yachiyo Ichihara também não festeja a decisão do Japão: “Estou muito ansiosa, não expectante.”

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De acordo com Joji Morishita, antigo comissário da Comissão Baleeira, são cerca de quatro a cinco mil toneladas de carne de baleia que entram no Japão, anualmente. O que significa que cada japonês consome entre 40 e 50 gramas — o equivalente a meia maçã. “A questão é: há procura e viabilidade suficiente para comércio baleeiro no Japão?”, disse, citado no mesmo texto. 

Um inquérito informal feito pela Yahoo no Japão a cerca de 20 mil pessoas demonstrou que 58,2% dos inquiridos afirmaram gostar de baleia, 28,3% responderam que não e 13,5% dizem nunca ter comido. Apesar de o porta-voz do Governo japonês ter afirmado que a caça vai acontecer “de acordo com a lei internacional e os limites de captura calculados de acordo com o método adoptado pela Comissão Baleeira Internacional”, activistas temem o que possa acontecer e condenam a decisão.