Rui Rio: “Ou o PS nunca esteve de boa-fé ou achava que o PSD estava aqui para ser muleta da ‘geringonça’”
Rui Rio diz que o PSD não faz “fretes”. Sociais-democratas vão chumbar o texto que resultou do grupo de trabalho.
Rui Rio diz que não se sentiu “enganado, porque no ponto de partida admitia que pudesse ser possível” o PS desistir da negociação e garante que faria tudo de novo. Mas o resultado prático é um rompimento das negociações entre PSD e PS sobre a Lei de Bases da Saúde e, com isto, os deputados sociais-democratas irão chumbar o texto final do grupo de trabalho, que será votado no dia 2 de Julho.
Rui Rio nega que o PSD tenha proposto aos socialistas a revisão total da lei: “Aquilo que eu disse é que estávamos disponíveis para reabrir o processo numa base sensata, que não íamos fazer grandes exigências. Elencámos apenas duas áreas, dos direitos dos cidadãos e saúde e bem-estar”, explicou o presidente do PSD, além da área da gestão dos hospitais, na qual se se insere a base sobre as parcerias público-privadas que era um pedido dos socialistas. Mas também disse, garantiu, que “era preciso revisitar a lei porque o que existe não tem coerência jurídica, está uma manta de retalhos”. “O PS veio dizer que isto é demais, que estamos a exigir demais que se revisite a área dos direitos dos cidadãos saúde e bem-estar”.
Os socialistas justificaram esta tarde o rompimento das negociações com o PSD com o facto de o PSD ter apresentado alterações a 22 das 28 bases da lei. Rio entregou uma folha A4 aos jornalistas em que constam 21 pontos a alterar na legislação com nove que seriam normas novas. Sobre a dimensão desta posição, o presidente social-democrata apenas lamentou: “São desculpas de mau pagador”.
“Não consigo tirar uma conclusão directa, ou o PS nunca esteve de boa-fé nisto ou, se esteve de boa-fé, achava que o PSD estava aqui para ser muleta da ‘geringonça’ quando a ‘geringonça' não consegue funcionar. O PSD está aqui para servir os portugueses e para servir Portugal. Não estamos aqui para fazer fretes”, salientou.
Perante as perguntas dos jornalistas, Rui Rio insistiu na ideia que o “PSD não existe para ajudar o Governo, mas para salvaguardar os interesses dos portugueses e pôr Portugal em primeiro”. Apesar do que aconteceu, Rio diz que voltaria a fazer o mesmo que fez, disponibilizando-se para negociar.
Para o social-democrata há duas conclusões a retirar deste processo. Em primeiro lugar que se percebeu “quem estava de boa-fé e quer defender o interesse das pessoas e quem está apenas com a preocupação da pequena táctica partidária e em negociações simuladas”. Em segundo lugar que houve uma “vitória da ala radical de esquerda do PS sobre a ala moderada”. “Este PS esta cada vez mais encostado à esquerda, PCP e BE, e não se consegue libertar destas amarras, não tem qualquer capacidade de diálogo ao centro”, defendeu.
É mesmo para a esquerda que o PS se vira neste fim de linha para tentar salvar a lei de bases da saúde, mas os parceiros deixaram os socialistas à espera de uma resposta.