Tribunal francês manda libertar Jesu Ternera por motivos de saúde

O líder histórico da ETA está doente e vai ser submetido a uma cirurgia.

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Josu Ternera está impedido de abandonar território francês e terá de se apresentar todas as semanas numa esquadra ALFREDO ALDAI/LUSA

Um tribunal parisiense decretou esta quarta-feira por unanimidade a “libertação imediata” do antigo líder histórico da organização separatista e terrorista basca ETA Josu Ternera (José Antonio Urrutikoetxea), da prisão de la La Santé, nos arredores de Paris, por motivos de saúde. Vai ser operado de “urgência” à próstata.

Além de impedido de abandonar o território francês, o ex-dirigente basco terá também de se apresentar todas as semanas numa esquadra até ao início do julgamento. É acusado de organizar atentados e dirigir uma organização terrorista que causou mais de 800 mortos em Espanha e França.

Ternera, de 68 anos, foi detido a 16 de Maio pelas autoridades francesas quando entrava no hospital de Sallanches, nos Alpes franceses, onde ia ser operado. Tinha consigo uma sonda e perdera oito quilos nas três semanas anteriores. Não apresentou resistência e entrou na prisão no dia seguinte, sob forte escolta policial, depois de 17 anos em fuga - viveu em França e Brasil. 

Os advogados pediram ao tribunal para que o ex-líder basco fosse libertado por razões de saúde, para poder ser operado com “urgência”. “Não é possível mantê-lo atrás das grades, considerando o seu estado de saúde”, declarou um dos advogados, Laurent Pasquet-Marinacce, na audiência judicial.

Questionado pelos juízes sobre a sua nacionalidade, Ternera, sentado com grande desconforto e muito pálido, relata o El País, não demorou a responder que nasceu no País Basco, mas que é espanhol à força. Pasquet-Marinacce apresentou-o como o “principal arquitecto do fim da luta armada” do lado da ETA, garantindo que o seu cliente continuava “comprometido” com a causa independentista e com a paz.

Josu Ternera “desempenhou um papel activo e central em todos os esforços e iniciativas, desde o final dos anos 1990, para alcançar uma solução pacífica para o conflito” com o Estado espanhol, continuou o advogado. Esta deverá ser a principal linha de defesa no julgamento, explica o El País.

“Pela primeira vez, as pressões políticas não foram levadas em conta e o meu pai é hoje [quarta-feira] libertado”, regozijou, em francês e com lágrimas nos olhos, o filho do ex-líder basco, Egoitz Urrutikoetxea. 

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