Dalí recriado pela Inteligência artificial
Nos Estados Unidos, a instalação Dalí Lives aproxima os visitantes do The Dalí Museum do artista catalão, que morreu há 30 anos.
“Greetings, sou Salvador Domingo Felipe Jacinto Dalí i Domènech e estou de volta!”, ouve-se uma voz a falar em inglês com sotaque. É como se o fantasma de Dalí tivesse ganhado vida. É assim que os visitantes do The Dalí Museum em St. Petersburg, na Florida, nos Estados Unidos, são recebidos desde 11 de Maio, data em que ali se estreou a instalação permanente Dalí Lives (o artista catalão faria 115 anos nesse dia). Milhares de críticos de arte espalhados pelo mundo analisaram o seu trabalho, mas agora é possível olhar para a sua obra através dele próprio.
Hank Hine, o director deste museu que alberga mais de 2000 obras do artista surrealista, acredita que as pessoas querem ter acesso à arte e que esse acesso pode ser feito também através da tecnologia. Neste caso, através de três ecrãs interactivos espalhados pelo museu em que um Dalí, recriado pela inteligência artificial e exactamente do mesmo tamanho do artista, interage com o público. E faz jus ao que o artista escreveu: “Se algum dia eu morrer, embora seja improvável, espero que as pessoas nos cafés digam Dalí morreu, embora não inteiramente”.
“Ainda que Dalí tenha morrido há 30 anos, estamos a usar a inteligência artificial para o trazer de volta”, diz Nathan Shipley, o director técnico da empresa Goodby Silverstein & Partners de São Francisco no vídeo Behind the Scenes: Dalí Lives no site do museu.
Para treinarem a inteligência artificial, para que esta criasse a melhor imagem à semelhança de Dalí, andaram a vasculhar todas as imagens em vídeo do artista que morreu em 1989 e fizeram com que o sistema que criaram analisasse 6 mil fotogramas. Pegaram naqueles que acharam ser os melhores, onde se via como era a sua maneira de olhar ou a forma como a sua boca se movia, “todos os pormenores que fazem Dalí ser Dalí”, mas também usaram entrevistas escritas e citações da sua autobiografia. O sistema passou mais de mil horas a aprendê-los e daí resultou um vídeo de 45 minutos, com 190 512 possibilidades de combinações, que permite aos visitantes ficarem a saber mais sobre a sua vida, o seu trabalho e a sua personalidade.
No final o artista até lhes propõe que tirem uma selfie com ele, que lhes envia para os telemóveis. “Se os visitantes forem capazes de se identificar com este homem como ser humano, poderão relacionar-se com as suas obras de uma maneira muito mais directa e apaixonada. É uma porta de entrada especial no espírito de Dalí, permitindo que os visitantes se envolvam com artista de uma maneira revolucionária”, afirma Hine no comunicado de imprensa do museu.