Lisboa e Porto ganharam 167 mil novos passageiros com redução do custo dos transportes
Às queixas de utentes sobre o aumento de passageiros, com reflexos no conforto das viagens, o secretário de Estado da Mobilidade diz que “as pessoas vão apertadas nos metros em todo o mundo”.
O Programa de Apoio à Redução Tarifária (PART), que permitiu uma redução dos preços dos transportes públicos e privados, atraiu, nos primeiros dois meses de vigência, mais 167 mil novos passageiros, segundo dados do secretário de Estado Adjunto e da Mobilidade, José Mendes, que se confessa “felicíssimo” com os efeitos das medidas adoptadas, que resultaram na criação do passe único, mais barato e com maior abrangência de áreas.
Em entrevista ao Jornal de Negócios, José Mendes avança que o PART gerou um aumento da procura de transportes de 26% em Lisboa e 16% no Porto. E está em pleno funcionamento nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto e em 19 Comunidades Intermunicipais (CIM), que representam 96,6% da população. Faltam apenas duas CIM, que se atrasaram.
O aumento de utentes ascenderá a 200 mil a nível nacional, admite o secretário de Estado, o que representa o dobro face às primeiras estimativas do Governo.
Na entrevista, o governante defende que aumento da receita gerada pelo maior número de passageiros deverá ser canalizado para o aumentar a oferta. ”Se os operadores têm o dobro da procura têm de ter o dobro da oferta”, defende, acrescentando que o “o sistema adapta-se ao aumento da procura, já se vinha adaptando desde 2016”.
Sobre o aumento da oferta, José Mendes avança que, em Lisboa, a Carris está a comprar 195 autocarros e no Porto a STCP mais 274, num investimento de 60 e 70 milhões de euros, respectivamente. E a Fertagus (Lisboa) está a fazer uma alteração à configuração interna dos comboios para acomodar mais passageiros (reduz os lugares sentados, aumentando o espaço para passageiros de pé).
Quando confrontado com a estratégia de aumento de passageiros com a redução no conforto das viagens, uma queixa frequente de muitos utentes, José Mendes responde: “Porque não? Aumentam um pouco a oferta e os comboios aguentam perfeitamente. A viagem é curta”. Acrescenta ainda que “as pessoas vão apertadas nos metros de todo o mundo”.
O secretário de Estado da Mobilidade tentou também deixar a mensagem de que na actual legislatura não houve qualquer “bloqueio orçamental” à área dos transportes, e contabiliza em quase mil milhões de euros o total de investimento no sector dos transportes. José Mendes diz que o Ministério das Finanças “tem sido um interlocutor extraordinário”, e que é “absolutamente injusto” dizer que o Ministério das Finanças criou lógicas de limitar investimentos.