A importância do Brincar na infância

Estamos a poucos dias de comemorar mais um Dia Mundial da Criança, altura em que deixamos as nossas crianças viverem momentos de muita brincadeira. E é disso mesmo que vamos falar… do Brincar, de brincadeiras e da importância que a temática tem na educação e desenvolvimento de uma criança. E porque o brincar deve ser encarado como um assunto sério, existe até o Dia Internacional do Brincar que se comemora a 28 de Maio, desde o ano 2000 e é uma data reconhecida no calendário da UNICEF. Esta data visa precisamente salientar a importância do brincar e o valor que as brincadeiras têm no bem-estar, saúde e desenvolvimento das crianças.

Embora o brincar seja reconhecido como um fenómeno universal e um direito legítimo das mesmas, consagrado no artigo 31 da Convenção dos Direitos da Criança, parece estar a ser deixado para segundo plano. Um estudo recente da Escola Superior de Educação de Coimbra, Portugal a Brincar, revela precisamente isso, mostrando que a maioria das nossas crianças até aos 10 anos, brincam, em média, apenas 2 a 3 horas por dia. E ao que parece os próprios pais consideram esse tempo insuficiente. Então devemos refletir sobre esta redução do tempo do brincar, bem como das suas consequências para o desenvolvimento infantil. Será fruto do ritmo desenfreado do dia-a-dia? Da dificuldade em conciliar vida profissional com a familiar? Da constante pressão para o sucesso que se exerce sobre as crianças desde idades, cada vez mais precoces?

Esta é uma reflexão que deve também ser feita pelas escolas. Não nos podemos nem devemos esquecer que a brincar, para além de se passarem momentos divertidos, também se aprende e, principalmente, desenvolvem-se competências socioemocionais, que considero tão ou mais importantes que as competências cognitivas, até pelo papel fundamental que têm no sucesso futuro e no equilíbrio emocional destas crianças. Através do brincar desenvolvem-se desde as habilidades de pré-alfabetização, de resolução de problemas e concentração, como se proporcionam experiências de socialização; promovem-se competências como a criatividade, a empatia, a expressão e identificação de sentimentos, o autocontrolo; aprende-se a respeitar os outros, a aceitar diferenças, a estreitar vínculos afetivos. Ou simplesmente promove-se um bom desenvolvimento motor e físico, nomeadamente através das brincadeiras ao ar livre, que infelizmente têm diminuído. Por todas estas razões, brincar deve ser um assunto sério e deve ser visto como uma atividade estimulante e essencial para a promoção de um desenvolvimento e aprendizagens saudáveis da criança, deixando de ser apenas uma atividade para manter as crianças ocupadas e entretidas. Mas quando falamos em brincar, devemos também refletir sobre as brincadeiras praticadas e os brinquedos utilizados atualmente. Apesar da importância que as novas tecnologias ganharam nas nossas vidas, Portugal a Brincar descobriu precisamente que 73,3% das crianças participantes no estudo tem uma maior quantidade de brinquedos não eletrónicos em comparação com os brinquedos eletrónicos e que 7,8% não tem nenhum brinquedo eletrónico. No entanto, 65,3% já fazem uso de tablets e smartphones nas suas brincadeiras e 23,9% das crianças recorre aos videojogos. Mas também fazem parte das preferências das crianças, brincadeiras ao ar livre, com os pais e a realização de jogos de tabuleiro em família, bem como a participação em jogos tradicionais.

Estamos em tempos de mudança… as condições de segurança são diferentes, o ritmo de vida mais acelerado, as exigências maiores, mas se queremos que os nossos filhos sejam saudáveis, temos de os deixar brincar mais! Proporcionamos-lhes várias atividades extracurriculares já estruturadas, mas não lhes damos tempo para brincar livremente e, desta forma, condicionamos o seu desenvolvimento. Apesar do pouco tempo disponível para estar exclusivamente com eles, não abdique de, pelo menos, 15 minutos por dia para simplesmente BRINCAR! Lembre-se que esses são momentos de partilha de experiências únicas que estreitam laços e ajudam a criar um vínculo afetivo seguro, que são tão importantes para o bem-estar psicológico e equilíbrio emocional das crianças e das famílias.

A autora escreve segundo o novo acordo ortográfico

Sugerir correcção
Comentar