PSD volta a ganhar na Madeira e empurra Paulo Cafôfo para o terreno

Domingo eleitoral negro para socialistas na Madeira antecipa saída de Paulo Cafôfo da Câmara do Funchal para dedicar-se em exclusivo à campanha para as regionais de Setembro, nas quais é cabeça de lista do PS.

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Paulo Cafôfo daniel Rocha

Os resultados das europeias do passado domingo, de acordo com os quais o PS-Madeira apenas venceu em dois dos onze concelhos da região autónoma, vendo o PSD distanciar-se em ano de eleições regionais, aceleraram o calendário de Paulo Cafôfo e a sua saída da presidência da Câmara Municipal do Funchal.

O ainda autarca, que é o candidato pelo PS às eleições regionais de 22 de Setembro, tinha apontado o final de Junho como data para sair da autarquia e dedicar-se em exclusivo à campanha, mas dois dias depois das europeias anunciou a renúncia do mandato já a partir de quinta-feira, dia 30, após a reunião semanal da autarquia.

Paulo Cafôfo nunca chegou a comprometer-se com uma data exacta para abandonar a presidência da Câmara do Funchal, repetindo sempre que iria deixar o cargo antes da data limite prevista na legislação: 40 dias antes da data das eleições. Neste caso, seria a 13 de Agosto. Mas o timing da saída não é alheio ao que aconteceu no fim-de-semana.

O candidato socialista chegou à autarquia em 2013 à frente de uma coligação de partidos encabeçada pelo PS. Sempre na condição de independente, foi reeleito em 2017 em nova coligação partidária que entretanto se desfez quando o autarca anunciou a intenção de deixar o município para se candidatar à chefia do executivo madeirense.

Com esta saída (antecipada), Cafôfo e o PS pretendem retomar as acções de mobilização do eleitorado e recuperar a mobilização eleitoral que não teve reflexos no domingo.

Sim, são eleições diferentes. Sim a abstenção (61,47%) foi elevada. Mas não há forma de olhar para a matemática da noite eleitoral na Madeira, sem constatar duas coisas: foi uma vitória em toda a linha para o PSD-Madeira e um crescimento “poucochinho” para os socialistas.

Num arquipélago onde os sociais-democratas mandam há mais de quatro décadas, falar em vitórias laranja é quase uma redundância. Mas tendo em conta a dinâmica que tomou conta do PS desde que Paulo Cafôfo surgiu na cena política madeirense, o resultado de domingo acaba por surpreender pela dimensão. Os dois partidos ficaram separados por mais de 11 pontos (o PSD teve 37,15% e o PS 25,81%) e mais de 11 mil votos.

Se olharmos para 2014, o PS cresceu (teve mais três pontos percentuais e seis mil votos), mas foi uma subida curta para quem aponta ganhar as eleições regionais já em Setembro. O PSD, por seu turno, ganhou quase nove mil votos em relação às últimas europeias, quando concorreu em coligação com o CDS, que teve 8%, neste domingo). Mais, o partido de Miguel Albuquerque ganhou no Funchal, município a que Cafôfo preside desde 2013, e em cada uma das 10 freguesias.

As contas de domingo no Funchal colocaram novamente a direita com a maioria, contrariando as sondagens que foram sendo divulgadas na imprensa regional que colocavam PSD e PS em empate técnico e que anunciavam uma possível ‘gerigonça’ à esquerda.

Há alguns factores que podem ajudar a explicar estes resultados. Primeiro, uma inversão de papéis. Os últimos anos do PSD, desde que Alberto João Jardim saiu da liderança, foram marcados por divisões internas que tiveram reflexos nas urnas. Tempos que, a olhar para os números obtidos nos vários concelhos, parecem estar ultrapassados, já que o partido conseguiu mobilizar a base de apoio.

Já o PS, parece não ter ainda ultrapassado as feridas provadas pelas eleições internas do início do ano passado, e terá pago, também, pela opção de não recandidatar Liliana Rodrigues, com trabalho feito em Bruxelas, optando por Sara Cerdas, uma perfeita desconhecida dos madeirenses.

A ausência do JPP, a terceira força no parlamento madeirense, que não concorreu a estas eleições, é outro factor a ter em conta nestes resultados, e complica qualquer tentação de transpor estes resultados para as regionais de 22 de Setembro próximo.

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