Em Barrancos, terra de touros de morte, ninguém votou no PAN

Bom resultado a nível nacional não se repetiu em Barrancos, onde ninguém votou no partido que defende os direitos dos animais, apesar dos quatro votos registados em 2014.

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Nuno Ferreira Santos

A grande surpresa da noite eleitoral europeia de domingo foi a eleição de Francisco Guerreiro pelo PAN (Partido Pessoas-Animais-Natureza), que se torna no primeiro eurodeputado eleito por aquela formação política — que em 2015 já tinha elegido André Silva para a Assembleia da República. O partido alcançou uma votação de cerca de 5,08% e tornou-se na sexta força política, atrás do CDS-PP.

No entanto, e no distrito de Beja, um concelho passou à margem da onda eleitoral que beneficiou o PAN e o partido não obteve ali qualquer voto. Em Barrancos, e entre os 356 votantes (de 1325 inscritos) de domingo, nenhum escolheu a lista encabeçada por Francisco Guerreiro. Ali venceu o PS, com 41,85% dos votos (149), seguido da CDU (17,7%, 63 votos), PSD (9,83%, 35 votos), Bloco de Esquerda (8,15%, 29 votos) e CDS-PP (5,62%, 20 votos). Conseguiram ainda votos o Basta, PCTP-MRPP, Aliança, Livre, PDR, PNR e PTP, todos com menos de 15 votos cada.

Nas europeias de 2014, o PAN tinha obtido 4 votos em Barrancos.

O que explica então o facto de o partido de André Silva ter estado acima dos 2% em todos os distritos do país, incluindo em Beja, e de ter obtido um resultado nulo em Barrancos? A resposta é simples e está relacionada com a cultura tauromáquica da vila — o único município do país onde ainda é permitida a realização de touradas de morte, devido a um regime de excepção criado em 2002, ao qual o PAN se opõe.

No resto do distrito, o PAN ficou próximo dos 3%, com Moura e Odemira a excederem esse patamar.

No resto do país, os distritos onde o PAN obteve menos votos foram Portalegre (2,4%), Vila Real (2,62%) e Évora (2,98%).

Pela positiva, no mapa nacional destacam-se os 6,79% alcançados no distrito de Lisboa, com os populosos municípios de Oeiras (7,88%) e Sintra (7,53%) a contribuírem para o expressivo resultado. No distrito de Setúbal, o PAN conquistou 6,59%. No do Porto, 5,59%. Nos três casos, distritos altamente urbanizados do litoral.

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