De Matosinhos sai uma ideia para Nova Iorque que vai de trotinete
Os créditos AYR, criados pela empresa CEiiA, convertem emissões evitadas em bens e serviços. Nova Iorque servirá de porta de entrada para escalar esta medida “pioneira” para o mundo.
São 150 trotinetas, para já, que em Matosinhos vão circular no sentido contrário de uma pegada ecológica negativa. Em Abril deste ano, o programa WeShare by AYR já tinha arrancado em fase de teste na empresa que o desenvolveu – o CEiiA –, para os seus funcionários. A partir desta segunda-feira este sistema que beneficia quem opta por um meio de transporte mais amigo do ambiente alargou-se a todos os matosinhenses, uma semana depois de o programa ter sido apresentado em Nova Iorque, no evento Cidades Inteligentes, onde despertou o interesse do município, que no final do último trimestre deste ano o irá acolher.
Este sistema arranca na cidade onde tem sede a empresa responsável pela medida. A ideia será replicá-la noutras cidades do país e além fronteiras. Nova Iorque servirá de porta de entrada para o mundo. Em Portugal, além de Matosinhos, Cascais será a que está mais próxima de aderir.
Não é que não existam noutras cidades disponível o acesso a esta nova forma de mobilidade mais verde. O que este sistema tem de diferente reside na forma como se beneficia o utilizador. O CEiiA criou uma unidade de crédito – o AYR. Esta “moeda” será usada para troca por bens e serviços, resultado da opção por este meio de transporte.
Para já, os serviços, deste projecto “pioneiro a nível mundial”, que estão ao dispor de quem adere à iniciativa resumem-se à “compra” de mais tempo de utilização das trotinetes, diz-nos a a responsável pelas Cidades, do CEiiA, Catarina Selada, presente na viagem inaugural desta segunda-feira com partida do mercado municipal. Mais tarde, o objectivo será integrar esta medida noutras formas de compensação directamente ligadas a outros meios de transporte que passem pela não utilização do automóvel, como por exemplo em descontos nas ligações que existem feitas por autocarro. Só depois é que serão estabelecidas parcerias com estabelecimentos comerciais do concelho para que possam ser efectuadas compras em troca de AYRs. A autarquia já avançou que a médio prazo será possível comprar produtos biológicos no mercado municipal em troca de créditos.
Para que o AYR tenha valor, é necessário primeiro medir o valor de CO2 evitado pela utilização das trotinetes. Nesta fase, será necessário primeiro descarregar a aplicação móvel desta unidade de crédito. Ao mesmo tempo terá que ser igualmente descarregada a aplicação do único operador em função no concelho – a Flash, que já opera nos concelhos vizinhos da Maia e Gondomar. A primeira serve para medir os valores de emissão de CO2 que foram evitados. A segunda é necessária para levantar uma das trotinetes, num dos 35 pontos actualmente disponíveis. Na mesma aplicação é possível encontrar os postos existentes. Mais tarde, será apenas necessário descarregar a aplicação do operador em questão, onde estará integrada a contabilização das emissões evitadas, convertidas em AYRs.
De acordo com o vereador da Mobilidade de Matosinhos, José Pedro Rodrigues, já existem mais operadores interessados. Este é o primeiro de outros que entrarão em circulação. A Flash foi o primeiro a entrar na corrida com metade dos veículos que entrarão em circulação. O objectivo é chegar às 300 trotinetes só deste operador. De acordo com a afluência o número pode ser ajustado.
Em Matosinhos, que agora adere às trotinetes, foi necessário regulamentar a forma como irão operar. Devido às diferenças de materiais usados para o piso, nesta cidade, estes veículos terão que estar adaptados com rodas de maior dimensão e uma suspensão reforçada para resistir ao paralelepípedo. O regulamento passou na última reunião do executivo municipal da semana passada.
Catarina Selada sublinha que esta forma de compensação, que afirma ser “pioneira a nível mundial” é para escalar a uma escala global. O primeiro passo foi dado na semana passada em Nova Iorque, onde foram assinados acordos preliminares para exportar o modelo. Em Portugal começa-se por Matosinhos, mas não apenas com as trotinetes: “Brevemente o sistema estará integrado também nas plataformas de partilha de bicicletas”.