GNR acusados de espancar imigrantes foram suspensos de funções
Dirigente sindical da ASPIG fica em prisão domiciliária a aguardar julgamento. Deverá suspender funções sindicais, uma vez que deixa de poder participar nas reuniões.
Um dos cinco guardas da GNR acusados de terem espancado dois imigrantes de origem asiática na zona de Odemira vai ficar em prisão domiciliária a aguardar julgamento, enquanto os seus quatro colegas serão suspensos de funções, embora se mantenham em liberdade. Os arguidos ficam ainda proibidos de contactar militares dos postos de Vila Nova de Milfontes e de Odemira. Esta foi a decisão de um juiz do Tribunal de Odemira depois de ouvir os cinco militares.
Tudo se terá passado em Outubro passado, durante um jantar num restaurante de Odemira em que estavam vários trabalhadores agrícolas, o respectivo patrão e no qual também estaria presente um guarda amigo deste último. O ambiente terá azedado após reclamações dos imigrantes que trabalham na agricultura, relacionadas com atrasos no pagamento dos salários e com a extensão dos horários de trabalho. Na sequência deste episódio, o GNR presente no jantar chamou três colegas para o ajudarem a tomar conta da situação.
Mas o episódio terá descambado no espancamento de um dos trabalhadores, que são originários do subcontinente indiano e não falam português. Um deles teve mesmo de receber tratamento hospitalar. Os militares são ainda suspeitos de terem invadido nessa mesma noite o local onde habitavam outros trabalhadores agrícolas, agredindo-os e mantendo-os temporariamente ali sequestrados.
O GNR que vai ficar em prisão domiciliária pertence à direcção da Associação Sócio-Profissional Independente da Guarda (ASPIG). Trata-se de André Ribeiro, que entrou para a GNR há dez anos e está na direcção da associação sindical desde Maio de 2018. Deverá agora pedir suspensão de funções, até porque estando em prisão domiciliária fica impossibilitado de participar nas reuniões do sindicato, que lhe forneceu apoio jurídico. O advogado da associação sindical é Amândio Madaleno.
A ASPIG continua a manter-se cautelosa nas declarações que tem feito sobre o caso. Ontem, o seu vice-presidente manifestava-se preocupado com as suspeitas que recaem sobre os cinco guardas, sem particularizar a situação do seu dirigente. Esta quinta-feira o presidente da assembleia geral, José Alho, alinhava pela mesma bitola: “Todas as pessoas são inocentes até ao trânsito em julgado dos processos”.
A investigação deste caso esteve a cargo da Polícia Judiciária de Setúbal, que contou com a colaboração da própria GNR. Os investigadores acreditam que nem todos os arguidos tiveram o mesmo grau de responsabilidade no sucedido. Estão em causa crimes de sequestro, invasão de domicílio e ofensas à integridade física agravadas.