CGTP e PCP defendem salário mínimo de 850 euros
Comemorações do Dia do Trabalhador em Lisboa terminam com discurso de Arménio Carlos, da CGTP-IN.
O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, defendeu nesta quarta-feira que o salário mínimo nacional deve ser aumentado para 850 euros. Fê-lo pouco antes de também o secretário-geral, Arménio Carlos, o defender no final do desfile do 1.º de Maio, na Alameda, em Lisboa.
Jerónimo falou sobre a participação do partido nas comemorações do Dia do Trabalhador e da razão de estar ali, justificando-se com a “posição solidária, naturalmente, com a luta dos trabalhadores, mas particularmente em torno desta grande reivindicação da CGTP-IN da necessidade do aumento geral dos salários, designadamente no salário mínimo nacional para 850 euros”.
O secretário-geral do PCP falava aos jornalistas durante o desfile do 1.º de Maio que acontece nesta quarta-feira e que, em Lisboa, terminou com o discurso do secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos, que defendeu “a fixação do salário mínimo nacional nos 850 euros a curto prazo”.
Antes, aos jornalistas, Jerónimo de Sousa também acusou o Governo de “mistificação” no caso da reposição do tempo de serviço dos professores: “Nós nunca ouvimos nenhum professor dizer ‘tudo e para já’. O que querem é a reposição daquilo que lhes é devido, num processo de faseamento. Vir agitar com centenas de milhões de euros como se fosse para hoje é, de facto, uma mistificação”, disse.
Sobre outro tema da actualidade, a Lei de Bases de Saúde, o secretário-geral garantiu que o PCP se baterá “pelo fim das Parcerias Público-Privadas”, defendendo a necessidade de se “clarificar e separar as águas” entre o Serviço Nacional de Saúde e os grupos privados. Apesar de defender que são precisos “avanços” em relação à lei em vigor, salientou que, neste momento, nada “impede que sejam tomadas medidas de emergência, tendo em conta a situação em que se encontram muitos utentes carenciados de meios, carenciados de profissionais, e de financiamento”.
BE: “ninguém está a acabar” com os privados na saúde
Na mesma ocasião, e também a propósito da falta de entendimento sobre a Lei de Bases da Saúde, a coordenadora do Bloco de Esquerda (BE), Catarina Martins, defendeu que “ninguém está a acabar” com os privados e o sector social na saúde, e assinalou que a questão principal é saber onde é gasto o dinheiro público.
“Eu tenho ouvido discussões bastante absurdas sobre este tema, e eu queria lembrar o seguinte: o que está em causa não é saber se acabam os privados ou o sector social na saúde, ninguém está a acabar com eles, o que está em causa é saber onde é que é gasto o dinheiro público”, afirmou Catarina Martins. E como exemplo notou que as Parcerias Público-Privadas “levam cerca de 500 milhões de euros ao ano” e que “nesta legislatura levaram dois mil milhões de euros”.
“Dois mil milhões de euros para grupos de hospitais privados nacionais e internacionais que foram para esses grupos, em vez de estarem no Serviço Nacional de Saúde. Ficamos sossegados com isso? Eu acho que não”, disse.
Falando aos jornalistas à porta da sede nacional do partido, à margem do desfile que assinala o Dia do Trabalhador, em Lisboa, a líder bloquista lembrou que “a Lei de Bases da Saúde vai ser votada na especialidade esta semana”. E, no dia em que o primeiro-ministro publica uma carta aberta no PÚBLICO sobre o tema, acrescentou ainda: “Julgo que eventualmente o Governo e o PS estão com dificuldades em explicar a sua posição aos seus próprios militantes.”
Mas outros temas foram abordados pela coordenadora do Bloco, à margem do desfile: “Este é o 1.º de Maio do final desta legislatura e nós temos, no Parlamento, decisões importantíssimas para quem trabalha a serem tomadas, alterações ao Código do Trabalho”, começou por dizer. “Esperamos que este 1.º de Maio seja um momento de assumir compromissos e, eu diria, todas as forças políticas assumirem esta necessidade no nosso país de respeitar quem vive do trabalho, de valorizar os salários, de combater a precariedade, os horários longos demais para os salários curtos demais, é agora no Parlamento, é durante este mês”, afirmou, acrescentando, sobre o tema da reposição do tempo de serviço dos professores que “ninguém está a pedir retroactivos”, nem “tudo de uma vez”.
Ainda a carta de Costa
Em Braga, nas comemorações organizadas pela UGT, secretária-geral adjunta do PS acabou também por falar sobre a Lei de Bases da Saúde, garantindo que o partido “não recuou nunca” sobre um Serviço Nacional de Saúde (SNS) como “espinha dorsal público universal e tendencialmente gratuito”, reconhecendo o “carácter supletivo” e “temporário” da existência de parcerias público-privadas (PPP).
Sobre a carta aberta do primeiro-ministro referente à Lei de Bases da Saúde e o Serviço Nacional de Saúde hoje divulgada pelo PÚBLICO, a líder socialista disse que a missiva reafirma a posição do partido.
“A carta de hoje do senhor primeiro-ministro mostra que nós não recuamos nunca. Nunca deixamos de estar onde estivemos, num SNS público, universal, tendencialmente gratuito para todos os portugueses mas também não esgotámos a Lei de Bases da Saúde nas PPP”, afirmou.
Em resposta às acusações de Rio, de que o PS “se acobardava” perante os sindicatos com mais poder reivindicativo, Ana Catarina Mendes expressou o que pensa ter sido a acção do anterior Governo PSD/CDS-PP em relação ao sindicalismo.
“Os portugueses têm boa memoria e temos memória de um desprezo total do CDS e do PSD pelos sindicatos ao longo de quatro anos, um desprezo total pela concertação social. O PS está hoje aqui para valorizar cada um dos trabalhadores e o sindicalismo em Portugal e dizer que com o PS a negociação colectiva voltou a ser uma realidade”, salientou.