Ordem avança com auditoria sobre formação especializada de médicos
Avaliação externa estava a ser negociada com o anterior ministro da Saúde, mas a Ordem decidiu agora avançar sozinha. No último ano, quase 700 médicos não tiveram vaga para fazer especialidade.
A Ordem dos Médicos vai avançar com uma auditoria externa e independente para avaliar o processo de atribuição de capacidades formativas para a formação especializada de jovens médicos.
Em comunicado, a Ordem justifica a decisão de uma auditoria externa e independente ao processo de atribuição de idoneidade e capacidade formativa no internato médico com a “preocupação com as condições proporcionadas pelo Serviço Nacional de Saúde (SNS), com médicos a ficarem sem acesso a uma vaga de especialidade”.
“Perante o agravamento do desinvestimento no SNS, o preocupante desinteresse do Ministério e tendo em conta vários relatos e queixas de especialistas e de jovens médicos sobre as difíceis condições em que exercem o seu trabalho e a sua formação, a Ordem não podia esperar mais e iniciou o procedimento de concurso aberto para a contratação de uma empresa idónea e independente para realizar uma auditoria”, refere o comunicado hoje divulgado.
A auditoria deve identificar e analisar o processo de atribuição de idoneidades e capacidades formativas, bem como os “constrangimentos existentes ao nível dos hospitais e centros de saúde que possam ter impacto” na formação de médicos.
O objectivo final da auditoria é “melhorar todo o processo” de atribuição de idoneidade e capacidade formativa, “no sentido de continuar a garantir a elevada qualidade de formação e disponibilizar todas as capacidades formativas existentes nas várias unidades de saúde que assegurem internatos de qualidade inquestionável”.
A Ordem entende que não se pode permitir que a “qualidade e excelência” da formação médica em Portugal “seja colocada em risco”, seja por uma eventual quebra de qualidade, seja porque vários médicos ficam sem acesso a uma especialidade.
Numa entrevista à agência Lusa há cerca de duas semanas, o bastonário Miguel Guimarães já tinha levantado a possibilidade de ser necessária uma auditoria externa e independente, que já tinha sido aliás proposta ao Ministério da Saúde “há dois anos”.
Lembrando que há médicos que em Portugal não têm acesso à especialidade, muito porque há jovens formados noutros países que tiram a especialidade em hospitais portugueses, o bastonário indicava que seria importante fazer uma auditoria sobre todo o processo que envolve a formação dos médicos para ver onde é possível melhorar.
Este era um dos projectos que a Ordem já tinha negociado com o anterior ministro da Saúde, mas que, entretanto, não avançou, recordou ainda Miguel Guimarães na entrevista à Lusa. A Ordem decidiu agora avançar sozinha para o processo de auditoria, através de um concurso aberto para a escolha de uma empresa que realize esta avaliação.