A herdeira falsa que enganou a elite de Nova Iorque
Entre 2016 e 2017, Anna Sorokin terá conseguido tirar 275 mil dólares de hotéis, restaurantes, bancos e pessoas, segundo o Buzzfeednews. A mulher foi considerada culpada, falta saber a sentença.
O caso de Anna Delvey — cujo nome real é Anna Sorokin —, a mulher de 28 anos que se fez passar por uma herdeira alemã milionária, iludindo a elite de Nova Iorque, chegou a um desfecho em tribunal, esta quinta-feira. “Como provado em tribunal, Anna Sorokin cometeu verdadeiros crimes de colarinho branco ao longo do curso da sua longa mascarada”, declarou o procurador Cyrus Vance, citado pela BBC.
Natural da Rússia, Sorokin foi criada numa família de classe média. Fez-se passar pela filha de um produtor de painéis alemão e infiltrou-se na cena de Nova Iorque, participando nas festas mais exclusivas e socializando com artistas, celebridades e CEO's. Mantinha as aparências, exibindo roupas de marcas caras e dando gorjetas de 100 dólares, por exemplo, a quem lhe carregava as malas ou a condutores. Em Maio do ano passado a Vanity Fair e a New York Magazine publicaram longas peças a detalhar a teia de Sorokin.
A mulher costumava, por exemplo, ficar hospedada em hotéis de luxo, acumulando dívidas ao longo de períodos de várias semanas e garantindo que iria pagar por transferência, nunca chegando a fazê-lo. Rachel DeLoache Williams, uma ex-editora de fotografia da Vanity Fair, que tornou-se amiga de Sorokin, testemunhou contra esta em tribunal. Segundo a mesma, depois de se conhecerem numa discoteca, Sorokin convidou-a para jantares extravagantes e copos em bares de hotéis, pagando sempre a conta. Mas quando viajaram para um resort de luxo em Marrocos e o cartão de Sorokin foi recusado, esta terá pedido a Williams para cobrir o custo de 62 mil dólares, prometendo pagar-lhe de volta.
Entre 2016 e 2017, Sorokin terá conseguido tirar 275 mil dólares em hotéis, restaurantes, bancos e outras pessoas, segundo o Buzzfeednews.
Depois de um mês de tribunal, um júri considerou-a esta semana culpada de oito crimes — incluindo tentativa de furto qualificado (de um valor elevado), por ter tentado obter um empréstimo de 22 milhões de dólares de um banco —, entre os dez dos quais era acusada. Foi absolvida de uma outra acusação de furto qualificado (este de 22 milhões de euros) e de alegadamente ter roubado mais de 60 mil dólares a uma amiga que pagou por uma viagem a Marrocos.
Durante o tribunal chegou a ser criada uma conta de Instagram que detalhava os coordenados que Sorokin levava para as várias sessões, incluindo as marcas das várias peças.
Em Junho do ano passado, soube-se que Shonda Rhimes — criadora de séries de sucesso como Anatomia de Grey e Scandal — estava a preparar uma série sobre Sorokin, com base no artigo da New York Magazine. Ao mesmo tempo, a actriz e argumentista Lena Dunham assinou um contrato de dois anos com a HBO e está a trabalhar numa adaptação ao ecrã da história contada por Williams na peça da Vanity Fair.