Novo IRA assume responsabilidade pela morte de jornalista na Irlanda do Norte
O grupo dissidente republicano tenta justicar o sucedido, atribuindo a culpa às autoridades.
O Novo IRA assumiu esta terça-feira que tem responsabilidades na morte de uma jornalista, na noite de quinta para sexta-feira da semana passada, em Derry, na Irlanda do Norte. Em comunicado enviado ao jornal Irish News, o grupo dissidente republicano pediu “sinceras desculpas aos colegas, amigos e família” de Lyra McKee, que morreu aos 29 anos.
As autoridades, que já tinham responsabilizado este grupo, detiveram uma mulher de 57 anos, suspeita de estar ligada aos autores dos disparos que mataram a jornalista e aos motins em Derry durante aquela noite.
No domingo, diz o jornal britânico Guardian, a polícia libertou dois adolescentes, de 18 e 19 anos, que tinham sido detidos na noite de sexta-feira. O caso continua a ser investigado pela unidade de terrorismo dos serviços de polícia da Irlanda do Norte.
No mesmo comunicado, o Novo IRA diz que vários dos seus voluntários dirigiram-se para o local onde dizem que as “forças armadas britânicas provocaram desacatos”. “Instruímos os nossos voluntários para o envolvimento com inimigos e pusemos em prática medidas para a garantir todo o cuidado”, garantiu o Novo IRA.
Emotions running high in Derry as friends of #LyraMcKee protest with red paint at HQ of Saoradh, linked with New IRA pic.twitter.com/jaZuKzGnQk
— Stephen Murphy (@SMurphyTV) 22 de abril de 2019
Esta posição segue a mesma linha do partido de esquerda radical que apoia o grupo. Depois da noite de motins, o Saoradh atribuiu, em comunicado na sua página da Internet, a responsabilidade pela morte da jornalista à polícia.
Este partido, que luta pela reunião da Irlanda do Norte na República da Irland, é influente na região de Derry, onde a sua sede está a ser palco de protestos. Manifestantes pintam as mãos com a cor vermelha e colocam-nas nas paredes do edifício. A resposta da comunidade está a ser “surpreendente” em apoiar as investigações, afirmou a polícia local, em declarações citadas pela BBC.
Susan McKay, jornalista e amiga de McKee, disse à BBC que nada poderia desculpar o assassínio. “O Novo IRA tem de ser desfeito. Nenhuma desculpa é suficiente boa”, afirmou.
As autoridades dizem que Lyra McKee foi atingida quando um dos atiradores em Derry pretendia disparar contra agentes da polícia. O funeral da jornalista vai acontecer esta quarta-feira, em Belfast.
Com a morte da jornalista, os republicanos dissidentes de Derry cancelaram as marchas que assinalam o aniversário da Revolta da Páscoa de 1916, contra o domínio britânico. No entanto, as autoridades temem que a influência deste grupo entre os jovens e a violência aumentem à com a saída do Reino Unido da União Europeia.