François Fillon, ex-primeiro-ministro francês, vai ser julgado por corrupção

O político que chegou a ser o favorito da direita para disputar a presidência da República nas eleições de 2017 contratou a mulher e dois filhos como assistentes parlamentares, sendo os empregos fictícios.

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Penelope e François Fillon ETIENNE LAURENT/EPA

O antigo primeiro-ministro francês François Fillon e a sua mulher, Penelope, vão ser julgados por corrupção no âmbito do caso dos empregos fictícios que o político conservador deu a familiares.

A notícia foi avançada pelo jornal Le Monde e confirmada à AFP por uma fonte da Justiça francesa.

Fillon, que foi candidato presidencial em 2017, foi acusado de ter pago à mulher e a dois dos três filhos bem mais de um milhão de euros, durante vários anos, por trabalhos de assistentes parlamentares, No caso de Penelope Fillon, há suspeitas de que nunca realizou o trabalho pelo qual foi paga, tanto como assistente do marido como de Marc Joulaud, o deputado que o substituiu no Parlamento, quando Fillon se tornou primeiro-ministro do Presidente Nicolas Sarkozy.

Marc Joulaud vai também ser julgado.

O antigo primeiro-ministro negou ter cometido qualquer fraude, mas as acusações atingiram a sua candidatura à presidência pelo partido de centro-direita Os Republicanos.

De acordo com o jornal Le Monde, Fillon vai responder por “uso indevido de fundos públicos”, “omissão de uso de fundos públicos” e "abuso de bens públicos”. A mulher é julgada por cumplicidade nestes crimes.

O processo pode ter início no final deste ano.

O escândalo eclodiu em Janeiro de 2017, quando o semanário Le Canard Enchaîné revelou que Penelope e dois filhos tinham sido contratados com fundos públicos como assistentes de deputados sem que tivessem alguma vez exercido as funções.

Fillon, que foi chefe do Governo do Presidente Nicolas Sarkozy entre 2007 e 2012, chegou a estar na liderança das sondagens para as presidenciais de Maio de 2017, mas a publicação destas informações arruinou a sua candidatura.

Ainda assim, manteve-se como candidato, tendo sido eliminado na primeira volta. Emmanuel Macron foi eleito Presidente na segunda volta, que disputou com a candidata de extrema-direita Marine Le Pen.

A investigação decorreu entre Fevereiro de 2017 e Outubro de 2018, tendo o caso levado a que, em Agosto de 2017, o Parlamento francês proibisse os deputados de contratarem familiares como assistentes, medida que faz parte da lei de “moralização da vida pública”.